José Reinaldo de Lima é mais conhecido como Reinaldo. Ou simplesmente Rei. As três letras podem ser apenas a abreviação do nome, mas carregam também o sentido monárquico. E se o ex-atacante e ídolo do Atlético-MG é conhecido desta forma, podemos dizer que o Mineirão é o verdadeiro palácio dele. Ninguém balançou mais a rede do Gigante da Pampulha, palco do clássico Brasil e Argentina da noite de quinta-feira (10), quanto ele. São 152 gols na relva sagrada das Minas Gerais e centenas de comemorações com o punho erguido e fechado.

Horas antes da partida, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo Fifa 2018, o site da CBF levou Reinaldo, que é embaixador do projeto CBF Social em Belo Horizonte, ao seu velho conhecido Mineirão. Ao passar pelo corredor e subir os degraus da escada que dão acesso ao gramado, o ex-atacante não se conteve e disparou: “Olha esse cheirinho de grama… Não dá vontade de sair correndo?”. O artilheiro revela que, até hoje, ouve a torcida gritar por ele quando chega no estádio.

– O Mineirão é onde eu me sinto muito bem, à vontade. Considero a minha segunda casa. Tenho o orgulho e a honra de ser o maior artilheiro do Mineirão. Quando entro aqui, sobe o cheiro da grama, escuto a torcida gritando: “Rei! Rei! Rei!”. Isso é sempre bom, uma sensação muito agradável voltar ao Mineirão – destacou.

Com a camisa da Seleção Brasileira, Reinaldo tem um total de 37 jogos, com 28 vitórias, cinco empates, quatro derrotas e 14 gols. O último jogo dele com a Amarelinha foi em maio de 1985, diante do Chile, em amistoso na casa dos adversários. Mais de três décadas depois, o Rei mantém bem vivo na memória a sensação de defender a equipe pentacampeã mundial.

– Usar a camisa da Seleção Brasileira é o grande sonho de qualquer menino do nosso país. Eu, graças a Deus, consegui realizar isso. É uma emoção enorme. No momento da convocação, você já começa a flutuar. Depois, tem o momento de conhecer e encontrar o grupo, os selecionados para o grupo, que acaba criando uma identidade muito legal entre os jogadores. Mas, o momento mais forte, mais marcante, é a hora do Hino Nacional. Quando começa a tocar, você sente uma felicidade incrível ao cantar com todo mundo. Assim é defender a Seleção Brasileira, a entidade mais conhecida e vitoriosa do mundo. Jogar na Seleção é algo fica escrito no coração de cada um – descreveu.

Contra a Argentina, Reinaldo atuou duas vezes. A primeira foi em agosto de 1975, pela Copa América, fora de casa, e o Brasil venceu por 1 a 0. A outra foi quase dez anos depois, em maio de 1985, na Fonte Nova, em amistoso, e também levou a melhor, conquistando o triunfo pelo placar de 2 a 1. Na condição de quem nunca perdeu para o time adversário, o artilheiro conta o que os atletas terão pela frente na partida e acredita que, desta vez na condição de torcedor, manterá o bom retrospecto.

– Joguei duas vezes Brasil e Argentina e é muito difícil. Considero o grande clássico mundial. São duas escolas semelhantes e nesse momento temos dois dos maiores jogadores do mundo, Neymar e Messi, estarão aí. Argentina vai vir com tudo, pelo momento difícil que vive na Eliminatória, o Brasil encontrou um bom futebol e acho que vai ser um grande espetáculo. Os atacantes do Brasil são de grande habilidade, velocidade e, quando começarem a driblar e fazer as jogadas, tenho certeza que vão levantar a galera e criar um clima muito favorável. Por isso, acredito que o Brasil vai conseguir a vitória – acrescentou.

Como o grande goleador que foi, Reinaldo gosta mesmo é de ver a bola no fundo das redes. Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo Fifa Rússia 2018, a Seleção marcou 23 gols e tem o ataque mais positivo da competição. Sendo assim, a tendência é que o time do técnico Tite faça o Rei do Mineirão sorrir bastante neste clássico com a Argentina.