Uma das perguntas mais frequentes nos últimos dias é sobre quando haverá vacina contra o coronavírus. Sobre o assunto, o Manhã Sagres entrevistou a representante do Brasil no Grupo Estratégico Internacional de Experts em Vacinas e Vacinação, professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, Cristiana Toscano.

 

Na última semana os estudos da vacina de Oxford foram pausados. Isso ocorreu após o relato de uma reação de um voluntário do Reino Unido. Com o ocorrido, a vacinação para novas pessoas e a segunda dose para participantes da pesquisa foram suspensas. Contudo, os estudos já foram retomados e, de acordo com a professora, isso não alterou o cronograma do estudo.

“Nós continuamos com a mesma expectativa. As interrupções dos estudos da Oxford, que foram temporárias, já retomaram e não alteram o cronograma previsto. Atualmente nove vacinas estão em fase 3 dos estudos clínicos. E temos a previsão de alguns finalizando as avaliações de eficácia e segurança no fim do ano”, revelou.

Cristiana conta que a previsão é de que a vacina esteja pronta para ser produzida em larga escala em março do próximo ano. “A gente continua com a previsão de em março de 2021, condicionada à progressão de todas essas etapas e aprovações, a possibilidade de uma vacina em larga escala”.

Além de acompanhar os estudos da eficácia de uma vacina contra o coronavírus, o grupo de estudiosos avaliam a forma como serão distribuídas essas imunizações quando disponíveis e quais grupos serão priorizados. Para isso, a professora explica que o grupo avalia rotineiramente a situação da pandemia no mundo.

“Considerando as evidências que vão surgindo a gente avalia a estrutura, definições e recomendações de estratégias de vacinação, grupos que possivelmente poderão ser priorizados, como será feita essa vacinação em relação ao momento. Avaliamos se será em uma ou duas doses, será em campanha ou através da rotina. São todas essas questões que avaliamos”.

Vacina Russa

Outra pesquisa que movimentou a mídia foi o estudo da vacina russa. Sobre o assunto, Cristiana Toscana avaliou que a notícia de que o país teria uma vacina pronta era praticamente impossível. Isso porque ela tinha apenas uma fase de estudo. Outro fato que causou desconforto, segundo ela, foi de a vacina ter sido registrada na Rússia para então ser liberada a utilização.

“Existia um desconforto. Quando eles anunciaram que a vacina estava pronta para ser utilizada na população não tinha nenhum estudo publicado e não tinha sido disponibilizada nenhuma informação. O que constava era que estava em fase um apenas. E o desconforto foi porque o governo Russo anunciou que a vacina estaria pronta, o que é impossível sem ter passado por todas as etapas”, defendeu.

*Atualizada às 18h15 para correção de informações