“O setor de bares e restaurantes não é o vilão dessa história”. A fala é do presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares de Goiânia (Sindbares), Newton Pereira. Em entrevista ao Sinal Aberto na manhã desta quarta-feira (27), Newton afirmou que recebe com espanto o decreto de Lei Seca do governo de Goiás, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas entre 22h e 6h.

Newton argumentou que após a reabertura do segmento, no dia 14 de julho, o número de casos de Covid-19 em Goiânia apresentou queda. Mas segundo o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, no final de julho, Goiânia registrava um aumento no número de novos casos com média diária (entre os dias 26 e 31) de 640 registros.

Para Newton, as eleições e as festas de final de ano provocaram a alta dos casos em janeiro. “Os vilões foram os políticos com campanhas irresponsáveis. Depois teve festas de Natal e Ano Novo e férias. Nada tem a ver com bares e restaurantes nem consumo de bebida alcoólica. E sim pela atitude das pessoas. Ficamos muito decepcionados com a medida de colocar os bares e restaurantes como os vilões dessa história”, argumentou.

Ouça a entrevista na íntegra:

O presidente do sindicato acredita que medidas mais restritivas devam ser tomadas nas cidades que tem taxa de ocupação de leitos de UTI em 100%, entre elas Rio Verde e Catalão. Apesar de dizer que Goiânia não está em situação preocupante, Newton criticou o recebimento de pacientes de Manaus. 18 foram internados no Hospital das Clínicas e 14 no Hospital Municipal de Aparecida. Três desses pacientes morreram.

“Por que ao invés de trazer essas pessoas, ele não traz as pessoas dos outros municípios? São situações discrepantes. Goiânia tem hoje 157 leitos de UTI em Goiânia. No dia 28 de setembro de 2020, tínhamos 242 leitos. Se ativarmos esses leitos, a nossa taxa de ocupação cai pra 30%. Não existe uma situação que exija em Goiânia o fechamento de qualquer tipo de atividade do comercio. A situação é favorável, basta que o prefeito de Goiânia reestruture os leitos que foram desativados”, afirmou.

SINDICATO NÃO VAI CUMPRIR DECRETO ESTADUAL

Newton disse que a medida só será acatada se a prefeitura de Goiânia assinar um decreto municipal seguindo a mesma linha de Caiado. “Estamos trabalhando junto à prefeitura para que ela não edite um decreto que faça esse tipo de injustiça com o segmento, que abrande essa situação e que a gente possa continuar seguindo com o comércio de bebidas alcoólicas”, ressaltou.

Enquanto isso, os comerciantes de Goiânia continuam cumprindo o último decreto municipal que permite o funcionamento com medidas restritivas, entre elas o limite de 50% da capacidade de cada estabelecimento.

O presidente ressaltou que o segmento já perdeu mais de R$ 10 bilhões entre fechamento e restrições. “É o segmento que mais sofre. Eu tenho visto supermercados e comércios de rua com total escândalo. Temos supermercados que viraram verdadeiros shoppings. Eu acho que os números hoje da pandemia em Goiânia não justifica nenhuma atitude de restrição do comércio. É o segmento que mais emprega pessoas em todo o Brasil. Hoje estávamos com 500 vagas em aberto, mas não vamos contratar e sim demitir. É uma tristeza pro segmento. Agora, quem vai pagar nossa conta? Estabelecimentos noturnos terão que fechar as portas. O governado estadual e municipal não trazem nenhuma ajuda para os empresários. São mais de 12 mil empreendimentos que atuam no município de Goiânia. Vamos chegar a calamidade. Estávamos no início da retomada e agora novamente o segmento é crucificado. É uma injustiça”, pontuou.