No último dia 15 o juiz Valdemar Cláudio de Carvalho da 14ª Vara do Distrito Federal concedeu uma liminar que torna legalmente possível que psicólogos ofereçam terapias de reversão sexual, popularmente chamada de “cura gay”. Polêmica, a decisão causou indignação nas redes sociais e protestos nas ruas como a que ocorreu na noite desta sexta-feira (22) no Centro de Goiânia.
No debate do programa Super Sábado desta semana, o vereador Oseias Varão (PSB) e o advogado e presidente da Associação da Parada LGBT em Goiânia, Liorcino Mendes, o “Léo Mendes”, discutiram o tema. Segundo o parlamentar, o momento é de tristeza no país e argumenta que a sociedade está sendo dividida.
“Estamos passando por uma situação muito triste, do ponto de vista sócio-político e cultural. Estamos passando por uma intoxicação ideológica, as pessoas estão meio que perdendo a razão. Um maniqueísmo exacerbado, todo mundo é inimigo de todo mundo. Estamos dividindo a sociedade brasileira em polos em todas as áreas. No Brasil, temos que aprender a respeitar o diferente. Não é só pedir respeito, é entender também que eu preciso respeitar o diferente de mim. Acho que isso está faltando no Brasil”, reitera.
Para Liorcino Mendes, representantes do Poder Judiciário devem julgar as questões e não criar polêmicas. Segundo o advogado, o magistrado deveria determinar se é ou não permitida a reorientação sexual.
“Primeiro ele julgou que a resolução do CFP, que diz que psicólogos não podem fazer reorientação sexual é válida. Depois, no mesmo texto, ele diz que o CFP não pode proibir aqueles psicólogos que querem fazer a reorientação sexual de quem voluntária ou involuntariamente os procura. Ele não fez Justiça. Como pode um juiz tomar uma decisão desse nível? Para nós seria muito melhor que ele fosse como todos os juízes, que tomasse uma decisão por um lado ou pelo outro. Ele deixou a polêmica aberta”, questiona.
O vereador Oseias Varão critica a intolerância e a passionalidade da sociedade para lidar com temas como a homossexualidade. “O juiz a todo momento está, na verdade, rejeitando a possibilidade de considerar a homossexualidade uma doença, mas as pessoas insistem em vender a decisão do juiz como se não fosse isso. Creio que tem mais a ver com a passionalidade envolvida no debate, as pessoas estão com os nervos muito aflorados ultimamente, não param para pensar de maneira serena, tranquila acerca das coisas”, afirma.
O presidente da Associação da Parada LGBT em Goiânia reforça que o que precisa ser colocado em discussão não é a reorientação sexual, mas sim o encaminhamento dos agressores para tratamento psicológico.
“Quando um juiz pega uma causa de uma pessoa que praticou violência contra LGBT, ele não tem coragem de colocar na sentença ‘eu quero que você vá fazer um tratamento contra homofobia’, mas quer que as vítimas da homofobia sejam tratadas. Assim estamos invertendo os valores no Brasil. Não é a vítima da violência que tem de ser tratada e sim o sujeito anda cometendo a violência”, pontua.
Ouça a seguir o debate na íntegra, em dois blocos
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Bloco 1
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Bloco 2