O governador Ronaldo Caiado foi o entrevistado do Podcast de política PodFalar (Foto: Petras de Souza)

O governador Ronaldo Caiado foi o entrevistado do último Podcast de política PodFalar de 2019. Em conversa com Cileide Alves e Rubens Salomão, o gestor falou sobre o primeiro ano de governo, sobre a relação com os deputados da Assembleia Legislativa e destacou as decisões que considera mais importantes. O democrata apontou o momento em que soube do possível fechamento dos Hospitais Materno Infantil e Hugo como um dos mais signativos. 

“Foi um momento extremamente crucial em não deixar com que aquelas crianças ficassem sem o menor atendimento médico e muito menos medicamentoso. E o segundo momento foi quando as parcelas do mês de novembro e nem de dezembro sequer foram empenhadas para o pagamento dos servidores. Eu chegava ao governo com R$ 11 milhões em caixa e uma dívida só de salário de servidores de mais de R$ 1 bilhão”.

Caiado também elegeu os dois melhores momentos do início de sua gestão. Quando assumiu o governo, os servidores não haviam recebido o pagamento de dezembro. O governador decidiu antecipar o pagamento de janeiro, que tinha vencimento para o dia 5 de fevereiro, e anunciou posteriormente a divisão das parcelas em quatro vezes. 

“Os melhores dias foram dois, o dia que inaugurei mais de 55 leitos no Hugol para as crianças pudessem ser atendidas, e outro foi 28 de agosto quando paguei todas as parcelas de todos os servidores públicos, que tiveram paciência de entender o quadro de total colapso que eu havia recebido do ponto de vista fiscal e econômico, foram dois momentos marcantes”.

Reformas

O governador revelou que teve que tomar decisões difíceis na montagem do governo. Uma de suas primeiras ações foi fazer uma reforma administrativa. Foram extinguidas cinco secretarias extraordinárias e foram criadas as Pastas de Comunicação, Agricultura, Esporte, Meio Ambiente e Cultura. Outras mudaram de nome, como a Secretaria de Planejamento e Gestão (Segplan), que foi desmembrada e passou a se chamar Secretaria de Estado da Administração e teve suas atribuições de planejmento transferidas para a Secretaria de Economia, antiga Fazenda.

Só na segunda etapa da reforma, o governo diz ter reduzido 3.980 cargos e funções comissionadas, com previsão de economia de R$ 61 milhões em 2019. Caiado criticou a metodologia de gestão do Governo de Goiás dos últimos 20 anos. “A prática de gestão era voltada para uma distribuição como se fosse uma capitania hereditária de cada uma das secretarias de governo, para que o cidadão pudesse utilizar da estrutura pública como se fosse propriedade particular para seus projetos políticos e também para enriquecimento ilícito”, disse.

Caiado acredita que conseguiu colocar na prática a mudança na estrutura que havia prometido na campanha eleitoral. O governador elegeu como a melhor decisão tomada no ano a de falar com sinceridade com os goianos. “A melhor decisão foi a coragem de falar com o povo goiano da realidade em que nós estamos, foram as decisões mais acertadas que tive. Se você me perguntar o que é que tem que ter neste momento, é ter cada vez mais comprometimento com o povo goiano e dizer só e apenas a verdade, custe o que custar”, disse.

Ronaldo Caiado comentou sua relação com os deputados estaduais. A base aliada do governador na Assembleia Legislativa atualmente é de 26 deputados. Para ele, a base que permanece com o governo colherá os frutos da recuperação finaceira do Estado. “É lógico que eles vão receber do Estado o reconhecimento de que as mudanças que estão sendo feitas e os resultados que virão, quem deve colher os méritos são eles. Eles estarão dividindo com o governador do Estado, os avanços que o Estado tiver, porque eles foram parte também para que o Estado conseguisse chegar a esse patamar de viabilidade fiscal”.

Previdência

Vinte e seis deputados votaram com o governo para aprovar a PEC da Previdência Estadual. A matéria foi a última aprovada antes do recesso parlamentar e foi motivo de disputas judiciais, com liminares solicitadas pelo deputado estadual Cláudio Meirelles (PTC) e derrubadas em sequência, até que o Supremo Tribunal Federal autorizou a votação. A PEC foi umas das decisões do governo que atingiram diretamente os servidores. 

“O que nós precisamos é que diante da crise cada um tenha a sua cota de contribuição, todos. Você não pode imaginar que um estado tenha daquilo que ele arrecada 82% comprometido no custo do estado. Eu não estou hora nenhuma valorizando o cidadão. Porque se eu continuar com essa demagogia, o que vai acontecer é que o cidadão não vai receber nem a aposentadoria e nem o salário”. O governador disse ainda que um Estado não pode dizer que está valorizando o servidor quando está caminhando para um colapso fiscal e financeiro. “Isso é uma mentira, não tem nenhuma valorização nisso”, frisou.

Gestões passadas

Nos últimos 20 anos, Goiás foi governado por Marconi Perillo, que teve mandato de 1999 a 2006, e entre 2011 e 2018, quando deixou o cargo para concorrer ao Senado. Antes de Marconi assumir pela terceira vez, Goiás foi gerido por Alcides Rodrigues Filho, e por último por José Eliton, ambos vices de Perillo. Caiado demonstrou indignação com a gestão do ex-governador.

“Não entendo como tiveram a coragem de fazer com o Estado de Goiás o que fizeram. É indignação mesmo. Eles tinham conhecimento da realidade, tinham noção que não podiam tratar a máquina pública da maneira como foi tratada, não podiam fazer esse vandalismo adiministrativo, esse processo de descrédito da população junto a todos os órgãos de governo, quadro disseminado de corrupção, obras inacabadas pelo estado todo, são mais de 400 obras inacabadas, ocupadas, apodrecendo, deteriorando, para que serviu isso?”, concluiu.

Clique aqui e ouça a entrevista no PodFalar #71

Rauane Rocha é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a UFG, sob supervisão dos jornalistas Vinícius Tondolo e Johann Germano