Na edição da última quarta-feira (30) do programa Tom Maior, do Sistema Sagres, o quadro Sem Filtros destacou um dos escândalos mais recentes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): uma fraude bilionária que lesou milhões de aposentados e pensionistas em todo o país. O advogado Afonso Morais, especialista em direito previdenciário, foi o convidado para detalhar a operação, as consequências e os caminhos para os beneficiários se protegerem.
A investigação da Polícia Federal (PF) revelou que ao menos 11 entidades, se passando por associações de apoio ao aposentado, falsificaram assinaturas e passaram a descontar mensalidades diretamente dos benefícios pagos pelo INSS. Estima-se que mais de 7 milhões de aposentados tenham sido vítimas do esquema, que operava desde 2019.
“Hoje já se calcula que cada segurado teve um prejuízo de pelo menos R$ 13 mil. Os descontos eram pequenos, mas constantes, o que dificultou a percepção do golpe por parte dos beneficiários”, explicou Afonso. O total desviado, segundo ele, pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões.
Além da falsificação de assinaturas, há indícios de corrupção dentro da própria autarquia. “Com certeza houve falcatrua interna. Dois diretores do INSS e o então presidente da entidade estão sendo investigados por envolvimento direto com os lobistas”, denunciou o especialista.
O golpe só foi interrompido após a deflagração da operação pela Polícia Federal. Seis suspeitos foram presos, incluindo o presidente da entidade de fachada Alessandro Stefanutto. Servidores públicos também foram afastados.
Além disso, Afonso alertou para o chamado “golpe do golpe”. “Agora aparecem pessoas se passando por advogados, dizendo que vão ajudar o aposentado a recuperar o dinheiro. Pedem dados bancários e documentos, e acabam aplicando uma nova fraude sobre quem já foi vítima”, alertou. Ele recomenda que as vítimas não entreguem informações pessoais a desconhecidos e não ingressem com ações judiciais neste momento.
“É compreensível que as pessoas queiram agir rápido, mas é preciso cautela. O governo já sinalizou que vai indenizar os prejudicados, mas isso exige processo interno, reclamação formal e auditoria. Entrar com uma avalanche de ações só vai travar ainda mais o Judiciário”, argumentou.
Para saber se foi lesado, o cidadão deve acessar o site ou aplicativo Meu INSS, entrar com o login GOV.BR, acessar a opção “Extrato de Benefício” e verificar se há descontos indevidos. Caso identifique irregularidades, o passo seguinte é registrar uma reclamação na ouvidoria do INSS e solicitar o reembolso.
“Eu acredito que o governo vai devolver esse dinheiro. Não só porque deve, mas por uma questão de honra. Estamos falando de um governo que diz representar o povo, e não pode permitir que o trabalhador seja lesado dessa forma”, concluiu Afonso.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 08 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico