O saneamento básico está entre os principais desafios que o próximo presidente da República e os futuros governadores terão que enfrentar. No Brasil, só 43,2% da população têm o esgoto coletado e apenas 34,6% dos dejetos recolhidos são tratados.

Em relação ao abastecimento por água encanada, o cenário é melhor: 81,2% da população têm acesso. Mas, se recortarmos a Região Norte, o quadro volta a ficar ruim: 42,4% das pessoas não têm água tratada saindo da torneira de casa – pelo menos não fornecida pelas companhias de abastecimento.

O Norte do país, aliás, é a que tem os piores índices de saneamento: só 5,6%% do esgoto são coletados e, desse total, apenas 11,2% passam por tratamento. No Acre, menos de 40% da população têm água tratada em casa.

Os dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), e foram informados ao Ministério das Cidades em 2008 – último ano cujas informações foram divulgadas – pelas companhias de abastecimento de água de 4.627 municípios e pelas empresas de coleta de esgoto de 1.468 municípios.

Apesar de não englobar todos os municípios do país, os dados do Snis sobre água e esgoto se referem a 97,6% e a 76,9% da população respectivamente.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, este mês (agosto), dados de 2008 um pouco diferentes.

Segundo a pesquisa do instituto, 45,7% das residências do país têm coleta de esgoto. Do total de esgoto coletado, 68,8% são tratados. O IBGE também mostra que 87,2% das casas têm água tratada.

Para o ministro das Cidades, Márcio Fortes, os números do saneamento tanto do SNIS, quanto do IBGE, mostram uma realidade anterior às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar disso, considera que mesmo esses dados demonstram que a situação tem melhorado e que a quantidade de esgoto coletado é “razoável”.

A Confederação Nacional dos Municípios, que representa os prefeitos de todo o país, apresenta número ainda mais dramáticos. Segundo o presidente da instituição, Paulo Zilcoski, seriam necessários R$ 220 bilhões para conseguir dar saneamento básico a todos os brasileiros.

O investimento compensa, segundo o professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília, Oscar Netto.

Ele garante que os benefícios à saúde e ao meio ambiente trazidos pelo saneamento básico significam menos gastos nestas mesmas áreas depois.

Segundo Netto, que já foi diretor da Agência Nacional de Águas, a população também precisa ser educada para entender a relação entre o saneamento e a qualidade de vida, de modo que possa valorizar as obras nestas áreas. Ele ressaltou que o Brasil está atrás de países com o mesmo grau de desenvolvimento econômico.

(Fonte: Agência Brasil)