Festa em plena sexta-feira Santa. Santa assim mesmo, com letra maiúscula, colorida por vermelho, preto e branco. Foi sofrido, castigado e heroico. Assim se pode classificar o jogo de ontem (1), válido pela Copa do Brasil. A épica vitória do Santa Cruz por 3 x 2 em cima do Botafogo, em pleno Engenhão classificou a equipe pernambucana para as oitavas de final, onde enfrentará o Atlético-GO.

O torcedor do Santa sofreu uma gangorra de emoções, primeiro, a lamentação com o gol perdido por Joelson logo aos 5 minutos. A lamentação, logo deu lugar á alegria apenas um minuto depois, quando Léo, de pé direito, chutou forte da intermediária. O goleiro do alvinegro falhou e viu euforia dos torcedores tricolores na arquibancada. Com apenas 6 minutos de jogo, o Santa Cruz revertia a desvantagem do primeiro jogo e, de quebra, mandava na partida.

Parecia até sonho ou uma pregação de peça do “Dia da Mentira”. E o Botafogo queria que fosse. Com triangulação perfeita do ataque alvinegro, Loco Abreu, Lúcio Flávio e Herrera, o atacante argentino chutou para empatar o jogo e devolver, pelo menos temporariamente, a classificação aos cariocas. Aos 21 minutos, um jogo quente já estava 1 x 1 no Engenhão.

A breve decepção deu lugar ao entusiasmo logo em seguida. Em apenas dois minutos, o Santa chegou com perigo duas vezes, de novo em chute de Léo de fora da área, depois numa finalização de Brasão. Num ritmo frenético de emoções, o final do primeiro tempo reservava mais um turbilhão aos tricolores. Falta dentro da área. A euforia do pênalti se transformou novamente em decepção quando Elvis voltou a falhar, como no jogo do Arruda. Novamente, parecia mentira. De verdade.

No segundo tempo o sentimento de redenção faria o tricolor renascer. Mas nada seria fácil. Aos 26 minutos, Brasão trouxe de volta a esperança aos torcedores que apoiavam o time tão longe de casa e, principalmente, aos milhares que o esperavam a festa em Recife. O ex-jogador do Atlético-GO recebeu bola na ponta direita, avançou na diagonal e bateu… Falha do goleiro? Talvez… Mas era, também, competência do ataque tricolor. 1 a 2 no Engenhão.

O EMPATE CARIOCA

O balde de água fria viria na mesma moeda, de novo Herrera, aos 40 minutos do segundo tempo, com um chute forte, na entrada na área empatava a partida e, de novo, devolvia a classificação ao time carioca. Os jogadores do Botafogo queriam provar aos torcedores presentes no estádio que perder a classificação para o visitante não era possível ou verdade. Mas era mentira. Eles perderiam, sim.

GOL SALVADOR

A surpresa veio em ações que só o futebol explicar. Foi chorado, sofrido, mas comemorado. O gol – salvador – de Souza aos 45 minutos do segundo tempo aconteceu. Fruto de um bate rebate na área botafoguense, a bola sobrou para o jogador que, sozinho, mandou para as redes. Ele marcou o gol da vitória e da classificação tão sonhada pelos torcedores tricolores.

Vítima de uma derrota no Arruda, diante de 30 mil torcedores que apoiavam o time na partida de ida, hoje são os que comemoram a volta da equipe ao cenário nacional. A partida heroica de ontem fez lembra o ano de 1970, quando o mesmo Santa Cruz disputava uma semifinal de um Campeonato Brasileiro.

Local: Engenhão
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (DF)
Assistentes: Renato Miguel Vieira (DF) e Ciro Chabam Junqueira (DF)
Cartão amarelo: Goiano, Fahel, Léo, Brasão
Público: 4.911
Renda: R$ 69.595,00

Botafogo

Jefferson; Fahel (Gabriel), Antônio Carlos e Danny Moraes; Eduardo (Caio), Somália, Leandro Guerreiro, Lúcio Flávio (Edno) e Marcelo Cordeiro; Herrera e Loco Abreu. Técnico: Joel Santana

Santa Cruz

Tutti; Wellington, Alysson, Luiz Eduardo e Edson Miolo (Marcos Mendes); Goiano (Souza), Leo, Dedé (Marcelinho) e Elvis; Joelson e Brasão.
Técnico: Dado Cavalcanti.

Produção: Pedro Henrique Geninho