A crescente onda de acidentes envolvendo animais peçonhentos em Goiás acendeu um alerta nas autoridades de saúde do estado. De acordo com dados recentes, entre 2024 e 2025 já foram registrados quase 16 mil casos, sendo os escorpiões os principais responsáveis pelas ocorrências.
Em resposta a esse cenário, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) promove um curso de capacitação voltado a profissionais da área, com o objetivo de aprimorar o atendimento nas unidades de saúde e fortalecer a rede de vigilância. Sheila de Moura, coordenadora do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), explicou a urgência da iniciativa.
“O curso é oferecido anualmente e tem o objetivo de qualificar o atendimento na ponta, onde os profissionais lidam diretamente com os pacientes”, afirmou. Segundo ela, o aumento dos acidentes se deve a uma combinação de fatores, como mudanças climáticas, acúmulo de lixo, expansão urbana desordenada e a presença crescente desses animais nas áreas urbanas.
“A construção de condomínios e casas em áreas rurais acaba invadindo o habitat natural desses animais, que migram em busca de abrigo e alimento, principalmente baratas, que são o prato preferido do escorpião”, detalhou Sheila. O curso contará com especialistas do Ministério da Saúde e abordará a identificação de espécies, condutas clínicas, dados epidemiológicos e estratégias de resposta rápida.
A expectativa é formar multiplicadores: profissionais que levarão o conhecimento para suas cidades de origem, ampliando o alcance da capacitação. Além da qualificação técnica, o curso também pretende combater práticas perigosas e mitos comuns entre a população.
“Ainda existem muitos equívocos quando alguém é picado, como amarrar o local, tentar sugar o veneno ou usar remédios caseiros. Isso pode agravar a situação”, alertou Sheila. A recomendação é lavar o local da picada e procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima, especialmente em casos envolvendo crianças e idosos, onde o risco de óbito é maior.
O Ciatox funciona 24 horas por dia, com atendimento médico tanto para a população quanto para profissionais de saúde. “Temos 86 polos de soroterapia estrategicamente distribuídos pelo Estado. Muitas vezes o paciente está perto de um polo e não sabe. Por isso, o contato com o Ciatox pode agilizar o encaminhamento”, explicou.
Segundo Sheila, os acidentes são mais frequentes na zona rural, especialmente envolvendo serpentes, mas nas áreas urbanas o escorpião é o grande vilão. “Esses acidentes podem acontecer na minha casa, na sua casa, porque isso também depende da vizinhança. Se tem lixo acumulado, se tem barata, vai ter escorpião.”
A coordenadora reforça a importância da responsabilidade coletiva na prevenção. “Evitar entulhos, madeiras, galhos e manter o quintal limpo são medidas fundamentais. Também é importante verificar roupas, calçados e roupas de cama antes de usar. Pequenos cuidados podem salvar vidas.”
A inscrição para o curso pode ser feita através dos canais da Secretaria de Estado da Saúde, e o público-alvo são médicos, enfermeiros e demais profissionais que atuam diretamente nos atendimentos de urgência. A capacitação, além de técnica, tem foco estratégico em formar agentes multiplicadores para difundir as práticas corretas em todo o território goiano.
“Nosso objetivo é melhorar a resposta da rede pública, diminuir o número de óbitos e fortalecer a vigilância em saúde no Estado. É um trabalho conjunto entre poder público, profissionais e população”, concluiu Sheila.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar
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