A cidade vive uma fase de poluição intensa e o fato deve ser observado pelos manifestantes. As placas de publicidade estão cada vez maiores, mais invasivas e iluminadas, atrapalhando os motoristas, deixando ainda mais estressante o caótico trânsito de Goiânia. Dentre essas placas, as mais curiosas são as dos governos e de outros órgãos públicos.

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A multidão ainda não se atentou para os gastos com o Tribunal de Contas do Estado, que deveria conter a roubalheira dos governantes e, ao contrário, não vê nada, não ouve nada, não fala nada, é uma espécie de Lula, o Molusco, com a ganância de Seu Siriguejo. Vem a calhar a comparação do TCE com o desenho infanto-juvenil do Bob Sponja, Calça Quadrada, porque o Tribunal de Contas também vive em outro mundo. No mundo do TCE, é cabível torrar quase 50 milhões de reais num palacete e ainda exibir a informação numa placa. Para alegria do TCE, a multidão ainda não percebeu que a dinheirama exposta naquela placa é a quantia exata de que o Estado carece para pagar o reajuste aos professores.

Na verdade, o Estado não carece de dinheiro algum, porque lhe sobram recursos quando o assunto é pouca-vergonha. O governo parcelou em quatro vezes a data-base dos servidores e alega secura no caixa. Mas não falta dinheiro para centenas de shows de música brega, com indícios fortíssimos de superfaturamento. Só no governo Marconi já foram torrados 50 milhões de reais, a quantia exata de que o Estado precisa para pagar o reajuste dos professores. E a notícia desses shows é mostrada em outdoors em tudo quanto é região de Goiás. Acredita-se tanto na impunidade que nem escondem os erros.

Houve um microescândalo com o valor da obra de duplicação da rodovia entre o autódromo e a cidade de Bela Vista. O valor, em uma placa, era de 54 milhões de reais. Em outra placa, já pulava para 111 milhões de reais. Nem o governo, nem a oposição, nem os manifestantes se importaram com a placa. No caso, foi apenas falha de quem redigiu, não um assalto de 57 milhões. Mas, se não vigiar, os roubos se multiplicam.

A multidão ainda não começou a arrancar placa que polui a cidade nem a pedir explicações sobre prazos e preços das obras constantes nas placas. Quando o povo tomar essa medida, a paisagem retomará sua beleza e as contas públicas ficarão também muito mais limpas.