A Prefeitura de Anápolis quer retomar as aulas presenciais na rede pública e privada de ensino, e, para isso, a proposta é vacinar todos os profissionais de educação em abril e maio. O retorno presencial em meio a segunda onda de Covid-19 em Goiás é visto como necessário devido aos prejuízos causados pelo ensino à distancia, como pontuou a secretária de Educação do município, Erizania Freitas. Em entrevista ao Sinal Aberto, na manhã desta terça-feira (30/3), a titular da pasta citou a violência dentro de casa e o abandono dos estudos como pontos principais.

“O professor em contato direto com o aluno acaba sendo um suporte de denúncia de qualquer possibilidade de violação de direitos da criança e do adolescente. Nós entendemos que as escolas são portas de entrada para identificação dos primeiros sinais de violência que uma criança e um adolescente podem sofrer dentro do seu núcleo familiar. Podem identificar o trabalho infantil, exploração sexual. Dados nacionais mostram que aumentou em até 4 vezes a violência no ambiente familiar”, explicou a secretária, enfatizando as consequências desse afastamento na saúde mental dos estudantes. “Precisamos restabelecer os vínculos”.

Confira a entrevista na íntegra:

Erizania Freitas enfatizou que o outro prejuízo gerado pelas aulas remotas é o baixo aproveitamento efetivo do processo de ensino-aprendizagem. Cerca de 3% dos alunos de Anápolis não conseguiram se adaptar ao ensino à distância, seja por falta de internet, computador, desinteresse dos pais e dos alunos. “Em função das condições socioeconômicas, o fator acesso à internet abrange a maioria dos nossos alunos que não se adaptaram. Mas existe o fato desestímulo. Sem o contato com o professor e os colegas, aquele aluno perdeu a vontade de estudar. Nossos alunos do Ensino Fundamental precisam dos pais por perto e temos visto que eles não estão fazendo esse acompanhamento”, enfatizou a secretária.

Para tentar diminuir esse problema, a secretária informou que toda a rede tem feito um trabalho de monitoramento desses alunos que não estão participando das atividades. “Antes do decreto, a gente fazia visitas nas casas desses alunos, conversava com eles e com os pais ressaltando a importância de fazer as atividades. Tivemos a oportunidade, por exemplo, de visitarmos alunos da zona rural. Não queremos um prejuízo maior. E é esse o papel da educação em parceria com os responsáveis por cada estudante”, ressaltou.

O quantitativo de alunos que poderiam voltar a frequentar as salas de aula ainda não foi definido, segundo a secretária, mas deve ficar em 30% da capacidade total.

VACINAÇÃO

Para que o retorno seja possível, a secretária afirmou que todos os 3.600 profissionais que compõem a rede municipal de educação devem ser vacinados entre abril e maio. “A gente quer fazer isso em um cronograma que também obedeça a idade desses profissionais, por exemplo, a partir de 54 anos ou a partir de 50 anos. Estamos fazendo esse levantamento de idade dos profissionais e nos próximos dias, acredito que vamos ter isso definido”, completou.

O secretário de saúde de Anápolis, Júlio César Spíndola, também conversou com a Sagres na manhã de hoje e afirmou que inicialmente serão vacinados os professores que atendem crianças até o 5º ano. “Temos observados que crianças de até o 5º ano tem muita dificuldade de aprendizagem com as vídeo-aulas. Eles perderam um ano e não podem perder mais um”, explicou ao destacar que Ensino Médio é responsabilidade do estado.

Com relação aos profissionais da rede privada, o secretário de saúde afirmou que ainda não tem o levantamento da quantidade de professores que poderão ser imunizados. “Estamos em fase de planejamento e em contato com o Ministério Público para que essa vacinação aconteça”.

Hoje, a cidade deu início à vacinação de idosos de 65 anos ou mais. 32 mil idosos de Anápolis já receberam a primeira dose e 12 mil receberam a segunda dose.