A queda do Goiás para segunda divisão não aconteceu na derrota para o Santos na rodada 36 do Campeonato. Indo mais longe, eu diria que nem começou nesta temporada. O Goiás, a rigor, começou a cair a partir do memento em que começou a fazer loucura pagando salários para profissionais acima de sua capacidade financeira. Acreditando que talvez pudesse fazer frente aos grandes Clubes do Brasil, a direção do Verdão começou a trazer técnico caro, ganhando acima de R$ 200 mil, jogadores ganhando mais de R$ 100 mil por mes e isso acabou gerando um déficit de até R$ 750 mil/mês, algo inadmissivel para um clube que arrecada menos de R$ 2 milhões por mês.
Atrelado a esta situação financeira mal conduzida, teve a questão politica que corroeu o clube por dentro, expondo a instituição e virou caso de polícia. Quantas e quantas vezes o Goiás deixou de ser um time com notícias esportivas para ser noticia policial? A vaidade do ser humano é algo incompreensível, pois ninguém pode precisar até onde ela vai. O Goiás teve sua intimidade exposta, contas passando de mão em mão, problemas sendo abordados abertamente.
Neste período, teve um Presidente afastado sem ter cometido irregularidade que justificasse seu afastamento, mas, como a vaidade humana muitas vezes está acima do bom senso, foi humilhado em praça pública e mandado pra casa sem dó, como se fosse um inútil. Antes, ele foi asfixiado financeiramente para “morrer” de inanição ou jogar a toalha. Preferiu pedir o boné.
Na reunião do Conselho para definir se negociaria o zagueiro Rafael Tolói, o objetivo era nao negociar, afinal pra que fazer caixa para um presidente desobediente ao chefe? A proposta era excelente. R$ 8 milhões por 50% na parte que cabia ao Goias. Muitos não acreditaram que esta proposta estava correta, foi pedido inclusive que Syd Reis lesse novamente a proposta do Juan Figger. Havia uma propensão por parte do Conselho para realizar o negocio, mas Hailé Pinheiro fez prevalecer sua força e vetou.
Quis o destino, que o Goiás fosse rebaixado sob o comando da maior autoridade nas ultimas 3 décadas e meia. Esse selo, ele terá para sempre grudado na história e isso dói, pois ninguém poderia imaginar algo assim há um tempo atrás, já que todos os presidentes nos últimos 35 anos tiveram a benção de Hailé Pinheiro e não seria razoável imaginar que o Clube estivesse nessa condição, justamente nas mãos do mandante.
Hoje, a dívida é astronomica. Ações trabalhistas aparecem quase que diariamente no clube e o passivo chega a quase R$ 60 milhões, ou seja, quase engole o patrimônio. É bom salientar que o Complexo da Serrinha é inalienável, pois o termo de doação feito pelo Estado proibe doar, alienar, vender e etc. Isso significa que o Goiás tem como dar de garantia apenas a área do CT do Parque Anhanguera. Estou falando isso, porque os Bancos não querem emprestar para o Clube sem garantias reais.
De modo que o torcedor do Verdão pode se preparar para anos difícieis, pois o time não tem capacidade de investimento e o que é pior, não terá fluxo de caixa para 2011, já que fez antecipação de receita integral do Clube dos 13. Isso sem contar que não tem ninguém pra vender, porque com a campanha do time no Brasileiro, inclusive os garotos da base, como Tolói, Walmir Lucas, Ernando e Wendel, saíram “queimados” pelo péssimo rendimento do time como um todo. Naturalmente, a queda acaba desvalorizando os atletas. Esta será a situação que o Goiás disputará a serie B em 2011.