Faltou o gol. Não faltaram jogadas de efeito, demonstrações de habilidade, toques de craque, posse de bola, firulas, cabelos estilosos, chances e finalizações. Mas faltou o gol e, no futebol, é ele que determina a vitória. Cercada de expectativa, a estreia brasileira na Copa América, neste domingo (03), contra a Venezuela, não foi melhor do que o questionado início da rival Argentina na competição. Pelo contrário, foi pior, porque faltou o gol.

Em uma partida em que a diferença técnica entre as duas equipes era visível, o Brasil dominou durante quase todo o tempo. No entanto, o pior resultado não foi o empate com a Venezuela, mas a derrota para o preciosismo. Na ânsia de tentar a jogada genial, o drible desconcertante, de marcar o gol bonito, de surpreender, o time canarinho saiu de campo com um empate feio. Decepcionante.

Mais posse de bola, menos interesse

Na primeira etapa, o goleiro Júlio César foi um mero espectador da partida e só tocou na bola para cobrar tiro de meta. Logo com um minuto de partida, a Seleção Brasileira teve a primeira chance. Robinho recebeu de Neymar, mas tocou fraco, para a fácil defesa do goleiro Veja, da Venezuela.

Aos cinco minutos, o Brasil deu mostras de que o “preciosismo” será um adversário mais difícil do que a própria Venezuela. Pato recebeu lançamento longo, dominou e tocou atrás para Neymar. O jovem atacante podia arrematar, mas tentou limpar a jogada e perdeu a bola.

Com boa posse de bola, faltava objetividade ao time canarinho. Aos 26 minutos, a melhora chance da primeira etapa. Daniel Alves fez jogada pela direita, chegou à linha de fundo e tocou para trás. Pato dominou e bateu forte, a bola explodiu no travessão.

Com um forte esquema defensivo, a equipe venezuelana se limitava a tentar evitar as chegadas do Brasil. Aos 38 minutos, pela esquerda, Robinho saiu na frente do gol e tocou na saída do goleiro. Caído, o zagueiro venezuelano conseguiu evitar o gol. Os brasileiros pediram pênalti, alegando que o atleta cortou com a mão, mas o árbitro nada marcou.

O time brasileiro ainda teve mais uma chance na primeira etapa, em um lance com tamanho capricho que beirou a “irresponsabilidade”. Aos 44, Neymar recebeu belo passe de Ganso, dominou e quis tocar por cobertura, mandando para fora, à esquerda do gol, a chance de abrir o placar.

Segundo tempo sem brilho

Diferente da primeira etapa, no segundo tempo o time brasileiro não foi tão superior. A necessidade de vencer parecia deixar os atletas nervosos, ansiosos. A Venezuela cresceu e passou a chegar mais. Não oferecia muita resistência, mas os brasileiros tropeçavam na própria vaidade.

As chances claras de marcar foram bem menores. Aos 21 minutos, Fred, que havia entrado no lugar de Robinho, recebeu o primeiro lançamento na área, mas na dividida com o goleiro, não conseguiu finalizar.

O adversário também chegou. Aos 26, César Gonzalez tabelou na esquerda e arriscou. Júlio César segurou sem muita dificuldade, mantendo o uniforme limpo. Um minuto depois, em uma jogada bem trabalhada, mais uma vez o time venezuelano ofereceu perigo, dessa vez com Arrango, que bateu de perna esquerda para fora.

Em alguns lampejos, o Brasil ainda conseguia finalizar, mas sem a mesma lucidez da primeira etapa. Aos 42, André Santos arriscou da esquerda rasteiro. Sem força e sem rumo a bola saiu pela linha de fundo.

Mais difícil do que esperar que a rede balançasse na partida, foi torcer para que ela acabasse. Acabou aos 48. 0 a 0.