A ciclista goiana Janildes Fernandes, que assumiu neste ano a presidência da Federação Goiana de Ciclismo, fez um desabafo neste sábado (22). Durante lançamento do programa “Goiânia De Volta ao Esporte”, no Paço Municipal, a atleta conversou com jornalistas e falou sobre a falta de incentivos no esporte, que culminou na desistência pela busca do índice olímpico para participar dos Jogos de Tóquio em 2021.

“Se continuar do jeito que estava, todos esses anos de luta minha, sinceramente esse pedido negado de R$ 200 mil me deixou bastante decepcionada, me deixou sem chão”, afirma. “A gente faz por amor, mas também tem que ter o mínimo que é a consideração. Não sei dizer se seguirei ou não, ou se irei bater de frente e correr atrás para que as próximas gerações não sofram o que a gente sofreu. Estou em um momento de choque, refletindo ainda, mas continuo pedalando porque amo o esporte”, complementa.

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O valor mencionado por Janildes é o que a atleta precisava para continuar na etapa classificatória às Olimpíadas do Japão. Integrante do chamado “clã Fernandes”, a medalhista pan-americana conta que sem incentivos junto ao poder público, é impossível pleitear grandes rumos no esporte.

“Eu culpo bastante essa falta de incentivo, porque você sabe que o atleta amador não tem as portas abertas a nível de marketing. Várias empresas, se não foi lei de incentivo, você não tem patrocínio. Então acredito que a gente precisa sim do poder público, sem eles a gente não consegue chegar a lugar nenhum”, afirma.

Questionada pelo repórter Rafael Bessa se a pandemia teria sido um entrave para a continuidade na competição, Janildes Fernandes respondeu pouco antes da chegada da Covid-19, ela já concluía uma das etapas classificatórias no exterior para os jogos olímpicos, e que a falta de incentivos foi realmente a causadora da desistência. A atleta goiana se mostra confiante com a proposta apresentada neste sábado (22) no Paço Municipal, que visa incentivar a prática de esportes na capital.

“Isso acaba gerando um custo muito alto por serem todas fora. Às vezes é na Espanha, na Alemanha, na Austrália, é pelo mundo. A gente encarou uma na Venezuela com todo o caos, para você o que é o esporte levado a sério”, afirma. “A gente começou a sonhar, estava praticamente com o passaporte carimbado para Tóquio, foi quando faltou o recurso. Isso me deixou muito triste, muito decepcionada, mas estamos confiantes na nova gestão, estamos mais próximos deles, acho que agora as coisas podem ser tratadas diferente. O esporte pode ter novos rumos para a gente voltar a sonhar”, conclui.

Junto às irmãs Clemilda e Márcia, além da prima Uênia, Janildes Fernandes é a que acumula os melhores resultados do ciclismo no “clã” Fernandes. Possui três olimpíadas no currículo (Sydney 2000, Atenas 2004 e Londres 2012), e tem dois pódios pan-americanos, com bronze em Winnipeg em 1999 e prata em Santo Domingo em 2003.