A Secretária de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira) desembolsará R$ 70.111,00 à LTBA – Comércio Promoção e Eventos Ltda., para que capacite em Terapia Comunitária (TC) cerca de 1,5 mil agentes sociais do Projeto Mulheres da Paz, em sete cidades do Entorno de Brasília – Águas Lindas, Cidade Ocidental, Luziânia, Novo Gama, Planaltina, Valparaíso e Formosa.
De acordo com uma das sócias, Raquel Ferreira, o foco da empresa é treinamento, tendo cadastrado profissionais de diversas áreas do conhecimento. Ela, então, terceiriza o serviço foco, ficando, porém, responsável por coordenar todo o processo de execução, estruturar os grupos de palestrantes, formatar os conteúdos, organizar os cronogramas, viabilizar a logística e confeccionar os relatórios. A LTBA está registrada no Cadastro Unificado de Fornecedores (Cadafor), da Superintendência de Suprimento e Logística, da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan).
A empesa, que foi criada em 2001, é licenciada para empreender na área de lazer, turismo, gastronomia, organização de eventos (feiras, congressos, exposições e festas), imunização e controle de pragas urbanas, sonorização e iluminação, atacadista de embalagens (escritório e papelaria), assim como em serviços de comércio atacadista de secos e molhados.
A Superintendência de Políticas para Mulheres (Supem), comandada pela professora Eliana França, garante que antes de assinar o contrato com a LTBA, realizará uma reunião com os representantes da empresa, onde ficará conhecendo, também, todas as pessoas que serão responsáveis pela aplicação da metodologia contratada. França assegura que apenas assinará o acordo se estiver convencida da capacidade técnica da firma. Ela esclarece que quer conhecer a programação proposta pela vencedora
A titular da Supem adianta que a vencedora do certame comprovou, documentalmente, sua experiência para realizar trabalhos de capacitação, o que a guindou a condição de protagonizar a homologação da licitação. Professora França concorda que os seminários poderiam ser promovidos por universidades e entidade, mas que para isso elas deveriam ter participado da licitação, o que não ocorreu, apesar da ampla divulgação.
A LTBA disputou o serviço com duas outras empresas, também do ramo de eventos – Elo Eventos Assessoria e VB Script Organização de Eventos e Turismo. A licitação, na modalidade pregão eletrônico, deu-se no dia 4 de junho, entre 9 e 14h35. O edital foi veiculado no dia 16 de maio de 2013. O certame iniciou como lance de R$ 83.608,55 da Elo Eventos.
Nos últimos dez meses, a LTBA ganhou outras duas licitações na administração pública estadual. Ambas para confecção de carimbos. Uma em setembro do ano passado, para Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), de R$ 14.579,82 e 1.275 carimbos (1.150 carimbos com cabo e base de madeira e 125 carimbos auto entintados). Outra em fevereiro deste ano, para a Casa Civil, de R$ 1.798,07 e 165 peças (78 chaves, 31 carimbos de madeira, 26 carimbos automáticos, 25 borrachas para carimbos automáticos e 5 refis para carimbos automáticos).
Reciclagem
A formação complementar às agentes do Projeto Mulheres da Paz, de acordo com a professora França, foi a forma encontrada pela Semira para estimular e fortalecer o trabalho implantado em 2008, na gestão de Denise Carvalho. Aliás, o trabalho que está sendo contratado será custeado, considerando explicações da titular da Supem, com as sobras financeiras do programa.
Eliana França esclarece que para viabilizar este cenário foi necessário requerer autorização do Ministério da Justiça, responsável pelo projeto Mulheres da Paz. A proposta é fortalecer, ainda mais, as redes sociais, pelas quais se é possível reduzir o histórico de criminalidade contra a mulher na região. O projeto Mulheres da Paz, que foi encerrado em 2010, contou com o apoio de 25 estados, o Distrito Federal e 173 municípios brasileiros, que resultou na capacitação de quase 11,3 mil mulheres.
A terapia
A Terapia Comunitária (TC) é um procedimento terapêutico, em grupo, com a finalidade de promover a saúde e a atenção primária em saúde mental. Por ser um trabalho em grupo atinge um grande número de pessoas, abrangendo diversos contextos familiares, institucionais e sociais. A metodologia da TC foi criada e sistematizada pelo psiquiatra e antropólogo Adalberto Barreto, em 1987, na favela de Pirambu, Fortaleza (CE), em resposta a duas necessidades: atender milhares de pessoas com problemas emocionais e psíquicos e adequar as propostas acadêmicas de promoção de saúde às carências reais apresentadas por aquela comunidade.
A TC está embasada na constatação de que as pessoas carentes, vivendo os problemas mais variados, demostram riqueza nas possibilidades de soluções. Os profissionais de saúde, educação, áreas sociais e agentes comunitários devem ser um instrumento canalizador das soluções emergentes da própria comunidade. Promover os vínculos sociais, as redes de solidariedade e melhorar a autoestima.
Os terapeutas
A formação de terapeutas comunitários está acessível aos profissionais das áreas de saúde, educação, trabalhador social, agentes sociais e pessoas que queiram se dedicar ao trabalho comunitário. O trabalho consiste em criar um ambiente de escuta, voltado para o fortalecimento dos vínculos entre as pessoas, possibilitando a partilha de experiências. A TC não objetiva mudar atitudes, comportamentos ou pensamentos das pessoas.
A formação de terapeutas comunitários acontecia, no início, por intermédio da Pastoral da Criança (CNBB). Atualmente existem grupos de formação realizados por Universidades, ONGs, Secretarias de Saúde Municipal e Estadual e Pelo Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária (MISMEC). Atualmente existem 36 polos formadores de Terapeutas Comunitários no Brasil:
Mulheres da Paz
O projeto Mulheres da Paz foi criado em 2007, por iniciativa do Ministério da Justiça, objetivando a capacitação de mulheres para realizarem mediações sociais, com a finalidade de fortalecer as práticas políticas e socioculturais desenvolvidas pelas e para as mesmas, além, é claro, de construir e fortalecer redes de prevenção da violência doméstica e enfrentamento às violências que compõem a realidade local e que envolvam jovens e mulheres.
As Mulheres da Paz são mulheres da própria comunidade, capacitadas em temas como gênero e direitos da mulher, direitos humanos e cidadania, violências, fatores de risco e protetivos e prevenção a drogadição, para agirem como multiplicadoras do Programa, tendo como incumbência prevenir a violência juvenil e o envolvimento dos jovens com as drogas, bem como a violência de gênero.