A decisão do presidente interino da Câmara Federal Waldir Maranhão (PP-MA), tomada nesta segunda-feira (9), de anular a votação do impeachment do último dia 17 de abril e 12 horas depois revogar a própria anulação, continua colecionando críticas no cenário político nacional.
Ouça: {mp3}stories/2016/Maio/Caiadosenado{/mp3}
Desta vez, Maranhão foi alvo do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Em sessão plenária na tarde desta terça-feira (10), Caiado comparou as duas decisões do presidente em exercício da Câmara à personagem Porcina, vivida pela atriz Regina Duarte na novela Global Roque Santeiro, de 1985.
“O que nós vimos foi uma peça elaborada na madrugada (de domingo) em que ele deu conhecimento ao meio-dia. E, veja os senhores, quando chega próximo da meia-noite o Brasil, estarrecido, recebe um novo ofício, desconsiderando o que ele havia considerado. Ou seja, tipo ‘Viúva Porcina’, foi sem nunca ter sido”, argumenta Caiado.
Na trama televisiva, a personagem Porcina fica conhecida como viúva por conta da morte do marido que dá nome à novela. O marido, no entanto, reaparece vivo nos capítulos finais. No plenário do senado, Caiado afirma ainda que a atitude de Maranhão foi “criminosa” e “inconsequente”, e que só poderia ser tomada por alguém que não possui conhecimento do cargo que ocupa.
“Uma ação irresponsável, inconsequente, criminosa de um presidente da Câmara dos Deputados, que não conhece a liturgia e a importância do cargo, que cede a pressões de terceiros para ser um tarefeiro do Palácio do Planalto”, pondera, fazendo referência a uma possível influência do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo na decisão de Maranhão.
A presidente Dilma Rousseff (PT), em discurso nesta segunda-feira em Brasília, disse ter recebido a notícia da anulação de forma não-oficial, por meio de notícia veiculada na internet. A fala da petista em pleno discurso no Palácio do Planalto também não escapou das críticas do senador.
“As pessoas que lá estavam com ela reunidos no Palácio passaram a disseminar um processo com efeito manada em todo o país onde, principalmente, sindicatos e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) passaram a agredir a todos e a tudo. O que nós vimos foram invasões em propriedades, sejam urbanas ou rurais, a interrupção das rodovias em vários lugares do país”, numa referência aos acontecimentos pós-anulação da votação.
Apesar da reviravolta causada pela decisão de Waldir Maranhão, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ignorou a anulação e determinou a continuidade do processo de impeachment, antes mesmo da revogação do interino da Câmara. A votação que decide se afasta ou mantém Dilma Rousseff à frente do país está marcada para esta quarta-feira (11), com início às 9h.