Setransp e motoristas não chega a um acordo e aumenta a possibilidade de greveO risco de greve no transporte coletivo aumentou. Não houve consenso na audiência realizada na Justiça do Trabalho para resolver o impasse entre o Setransp e os sindicatos que oficialmente ou não representam os motoristas: Sinditransporte e Sindicoletivo. Depois de várias tentativas de conciliação, o Ministério Público do Trabalho propôs 9% de aumento salarial e gratificação suplementar, 20% de aumento no ticket alimentação e 200 reais de indenização pelo deslocamento dos motoristas que iniciam ou terminam o turno de trabalho, momento em que o transporte coletivo não está em funcionamento.

O vice-presidente do Setransp, Décio Caetano, argumenta que esta proposta é inviável para as empresas. “Apesar de quando se fala que é 9% de reajuste, se acrescenta 20% no ticket, coloca mais R$ 200 de gratificação, que no final chega a 20%. É importante ressaltar que a inflação no período que nós estamos negociando foi de 5,34%. A proposta que estamos oferecendo é quase o dobro,” compara.

Como não houve acordo na audiência, o Setransp terá cinco dias para se manifestar. Já os trabalhadores marcaram uma assembleia para o dia 15 para decidir se entram ou não em greve, como explica o advogado do sindicoletivo, Nabson Santana. “Há uma assembleia designada pelos trabalhadores no dia 15, onde vão se deliberar sobre greve ou não. Acredito que se o Setransp não for demovido dessa intransigência, com certeza os trabalhadores vão deliberar pela greve,” conta.

Durante a audiência, ninguém recuou nas propostas. De um lado o Setransp insistiu na proposta de 7% no aumento de salário, 7% no aumento da gratificação suplementar e aumento de 16% no ticket alimentação e colocou que não disposição para negociar. Do outro lado, Sindicalistas não recuaram e defenderam 15% de reajuste salarial e da gratificação. Quanto ao transporte de motoristas no início do turno e no final dele o Sinditransporte defende o retorno da manobra ou uma indenização. O Sindicoletivo pediu o pagamento da indenização por deslocamento, no valor de 750 reais.

A procuradora do Trabalho, Janilda Guimarães, descreve que aguarda um novo posicionamento do Setransp. “O Ministério Público se dispôs a mediar qualquer negociação que vier a acontecer depois de hoje. Fizemos uma proposta, e vamos ver o que o Setransp acena agora. Eu espero que o Setransp modifique essa postura e apresente uma proposta que nós possamos conversar com os trabalhadores,” ressalta.

Alguns trabalhadores cogitaram a possibilidade de um protesto diferente, caso a greve seja deflagrada. Alguns trabalhadores pretendem fazer uma espécie de catraca livre, ou seja, permitir que o cidadão utilize o sistema sem pagar passagem.
A procuradora Janilda Guimarães destaca que não há ilegalidade neste tipo de ato. Segundo ela, isto não causaria prejuízo à sociedade, e sim, apenas as empresas que operam o sistema.

O presidente do Sinditransporte, Alberto Magno, destaca que este tipo de ato pode ser um risco para a categoria. “Isso vai ensejar um processo na justiça com indenização, e o sindicato teria que pagar esse prejuízo. A gente não concorda com isso,” diz.

Como não houve consenso na Justiça do Trabalho e nenhuma das partes se manifestou para que a Justiça decida o dissídio coletivo, o Ministério Público aguarda que alguém se manifeste, seja para consenso, seja para uma decisão da justiça. De acordo com a procuradora Janilda Guimarães, caso ninguém provoque a justiça, o Ministério Público fará esta manifestação junto a Justiça do Trabalho, para que o impasse seja resolvido.