No início do ano, o Conselho Nacional de Justiça fez uma publicação com o objetivo de chamar a atenção sobre a sexualização na infância. A ação nasceu a partir da percepção de grupos de discussão que tratam dos riscos que pais e responsáveis correm ao expor crianças a relacionamentos afetivos que são da fase adulta.

A psicopedagoga e terapeuta, Fabiola Sperandio, concedeu entrevista exclusiva à Rádio 730 nesta quarta-feira (18), no quadro Educação do programa Cidadania em Destaque. Segundo a especialista, a sexualização já começa na própria maternidade, assim que a criança nasce, como quando uma pessoa já direciona o bebê para um futuro namoro, como quem diz “essa é minha nora/meu genro”.

“Essas brincadeiras geram um ruído na comunicação que deveria ser infantilizado porque é uma criança. A família acha engraçadinho, mas não percebe que por trás dessa brincadeira, que não é muito inocente, começa a ser despertada. Então é como se houvesse uma autorização, como se a criança já pudesse namorar. É preciso ter cuidado, porque toda brincadeira gera uma mensagem para o outro”, reitera.

Segundo Fabíola Sperandio, as crianças precisam sim aprender os tipos de afeto, mas não de modo a confundí-las. “É preciso ensinar às crianças que tem amor de pai, de mãe, de marido e mulher, de amigo. As crianças de hoje estão confundindo amor de amigo com amor de namoro, ou seja, um amor já sexualizado, voltado para convivência com os pais. Eu encontro crianças que ficam confusas. Não sabem se amam tanto o amigo ou amiga e que amor é esse”, relata.

Em determinadas situações, pais podem acabar não percebendo que algumas atitudes prejudicam a pureza dos pequenos. A psicopedagoga e terapeuta afirma que os exemplos que a criança vê são mais influentes do que os que ela ouve.

“A criança aprende por meio do exemplo, pelo que ela vê. Não é por palavras, sermões. Então qual o exemplo que nós estamos oferecendo? Criança precisa ter espaço para pureza, para ser simples, precisa brincar”, frisa.

Ouça a entrevista na íntegra

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