Sidão revela dramas pessoais do passado e quer usar história para que outros evitem os seus erros (Foto: Rosiron Rodrigues/Goiás EC)

Substituir Rogério Ceni no São Paulo, a pedido do próprio ídolo e goleiro, foi apenas um dos exemplos de como Sidão conseguiu se destacar no futebol brasileiro. Mas nem sempre a história foi assim. Apesar de ter começado a carreira nas categorias de base do Corinthians, o camisa 12 do Goiás demorou a brilhar.

Em entrevista à Sagres 730, Sidão, de 36 anos, não escondeu o jogo e revelou os motivos pelo aparecimento tardio. Segundo ele, problemas com drogas, festas e até tentativas de suicídio marcaram a sua carreira. Um período em que jamais poderá ser esquecido, pois serve de lição para que outros não sigam o mesmo caminho.

Antes do clássico com o Vila Nova, no domingo, na Serrinha, Sidão decidiu contar a sua história e também pediu para que os torcedores tratem os jogadores de forma mais humana. Apesar de se considerar privilegiado, o goleiro diz que jogadores de futebol passam por problemas como qualquer pessoa.

“A minha mentalidade mudou muito. Quando eu era jovem, eu acreditava que sem esforço e sem sacrifício, eu conseguiria algo. Talvez por ver alguns caras conquistando tudo com o talento, eu pensei que só com o meu talento, eu conseguiria também. Mas aprendi que não é assim, que há um preço a ser pago, que há sacrifícios que precisam ser feitos no futebol. Isso que mudou na minha cabeça e na minha mentalidade para eu desfrutar de jogar a elite e em grandes clubes”, disse o jogador, que na sequência revelou o uso de drogas e problemas com a noite.

“As companhias te fazem ir para caminhos que você não desejava, mas por conta das amizades você vai junto. Eu não escondo de ninguém. Eu cheguei a usar drogas, sim. Mas isso é passado. Serve de lição, de aprendizado. Serve para que eu possa orientar os meninos mais jovens a não irem para o caminho errado. Foi uma lição que me fez ser o homem que sou hoje. Sou até mais grato a Deus por tudo que ele está me oferecendo”

Além do drama familiar, Sidão também falou sobre como ele tem ajudado jogadores mais jovens na carreira, importância do clássico com o Vila Nova e como a torcida esmeraldina tem sido importante em sua vida após um período complicado no São Paulo.

Leia a entrevista na íntegra com Sidão

DOIS JOGOS E NENHUM GOL SOFRIDO

É um mérito coletivo eu trabalhar pouco. Nossa equipe tem sido eficiente e por isso o trabalho tem sido pouco. Mas estou pronto e preparado para quando for acionado, poder corresponder à altura.

INÍCIO DE TRABALHO

“Estou contente. Nosso grupo tem assimiliado bem o que o Barbieri tem pedido. Estou contente com isso. Nosso time tem criado muitas oportunidades. Creio que mais pra frente vamos fazer mais gols com as jogadores que temos criado. Isso vai nos dar muita tranquilidade no jogo”

LÍDER

Tenho visto um pessoal bem tranquilo, não temos problema de indisciplina. Isso é bom. Todos são obedientes, todos respeitando quem está jogando, quem está fora respeita, respeita a comissão técnica. Isso que faz um grupo ser vencedor. A questão do líder é mais nessa questão de cuidar do grupo. Quando começa o campeonato, 11 ficam felizes por estarem jogando e os outros não. É hora de ser líder para cuidar de todos e mostrar que todos são importantes para quando entrar corresponder. Líder é isso.

BARBIERI

Eu acredito que idade é só número. Vai mais da cabeça de cada um, de como ele se cuida e comporta. Tem gente com 20 anos que parece velho e outros com idade que parece novo. São só números. Isso não interfere em nada. Estamos trabalhando bem.

TECNICOS NOVOS

Creio que tem aparecido novos treinadores com novas ideias. Isso tem melhorado o nosso futebol. Desde aquela Copa do Mundo (2014), muito se falou em rever o nosso futebol, de ter ideias novas. Isso é uma tendência. As pessoas querem renovar e por isso tem surgido bons nomes e capacitados.

7×1

Foi doloroso. Tdos brasileiros sofreram com o 7 a 1. Fica marcado pelo aspecto negativo para todos nós, mas ainda acredito que possamos conquistar uma Copa do Mundo em breve.

CRESCIMENTO TARDIO

A minha mentalidade mudou muito. Quando eu era jovem, eu acreditava que sem esforço e sem sacrifício, eu conseguiria algo. Talvez por ver alguns caras conquistando tudo com o talento, eu pensei que só com o meu talento, eu conseguiria também. Mas aprendi que não é assim, que há um preço a ser pago, que há sacrifícios que precisam ser feitos no futebol. Isso que mudou na minha cabeça e na minha mentalidade para eu desfrutar de jogar a elite e em grandes clubes.

QUAIS OS PROBLEMAS?

Era um pouco de tudo (noitada e preguiça). Na minha juventude, eu me perdi. Na noite, nas bebidas e até fui mais profundo nisso. Depois tive um encontro com Jesus. Não é uma coisa religiosa, gosto de frisar isso. Não é religião. Mas por conta da transformação que Jesus fez na minha vida. Gosto de frisar isso mudou a minha vida. Foi a partir desse momento que tudo mudou, que minha mentalidade é diferente. Pago o preço, faço sacrifícios e agora sou abençoado.

DROGAS E MÁS COMPANHIAS

As companhias te fazem ir para caminhos que você não desejava, mas por conta das amizades você vai junto. Eu não escondo de ninguém. Eu cheguei a usar drogas, sim. Mas isso é passado. Serve de lição, de aprendizado. Serve para que eu possa orientar os meninos mais jovens a não irem para o caminho errado. Foi uma lição e me fez ser o homem que sou hoje. Sou até mais grato a Deus por tudo que ele está me oferecendo.

TENTATIVA DE SUÍCIDIO E CULPA PELA MORTE DA MÃE

No período em que eu estava bem mal, minha mãe faleceu e isso me trouxe uma depressão profunda. Tive depressão de desejar a morte, de não ter mais vontade nenhuma de estar na Terra, de não estar vivo. Mas eu não tinha coragem de cometer suicídio. Eu fiz de várias formas para que alguém ceifasse a minha vida. Seria a solução dos meus problemas. Mas eu encontrei Jesus e minha vida se transformou.

Eu não via mais saída, não tinha o porquê de estar vivo. Graças a Jesus, ele tirou o meu rancor, o receio que eu tinha no coração, a culpa que eu carregava pela morte da minha mãe. Eu pensava que a culpa era minha por conta dos problemas que eu levava para casa. Hoje vivo uma vida nova e tento passar essa experiência para outras pessoas. Isso é o que vale a pena. Fazer a diferença na vida de outras pessoas

VOLTA POR CIMA

Eu não tinha coragem de cometer o meu suicídio, mas eu saía para a rua para provocar confusão. Para ver se alguém fazia esse serviço por mim. Foi um tempo difícil, bem marcante na minha vida, mas que hoje eu olho para trás e agradeço a Deus por ter me tirado de onde tirou para me colocar onde estou agora. Tenho a oportunidade de contar a minha história. Sei que tem muia gente que vive isso, que passa por isso. Que eles possam olhar e ter uma esperança de que há uma saída para reverter essa situação

LIÇÃO DE VIDA

É importante essas entrevistas para que as pessoas entendam que jogador de futebol é ser humano. Todos nós temos problemas, como qualquer pessoa que acorda cedo para trabalhar. Claro que temos privilégios, mas também temos um preço a pagar, acordamos de mau humor e também temos problemas em casa, com familiares. Bom falar sobre isso para que as pessoas entendam e compreendam que o jogador de futebol é ser humano e também passa por problemas. É muito difícil separar o problema na hora do jogo. Algumas vezes o cara não consegue e isso acarreta em um mau desempenho.

LEO SENA

Leo Sena tem um talento incrível, um baita jogador. Mostrou isso nos dois jogos. Dá para ver que é um cara muito talentoso e que tem muito para evoluir no futebol. No que eu puder ajudar, conversando, orientando, contando a minha história, como eu te contei aqui, mostrando os caminhos que ele não percorrer, no que eu puder ajudar como ser humano e jogador, eu vou ajudar.

Eu não conhecia o Leo antes, mas pelo que escutei, ele mudou bastante. Está determinado a ser diferente. Quando a pessoa quer, ele tem de mudar o comportamento. E eu vejo isso nele. Ele tem se esforçado e eu espero que seja real, algo que ele quer. Torcedor também tem de apoiar para ele melhorar como ser humano e, consequentemente, como atleta.

PSCOLOGICO

Acredito que 70, 80% no futebol é cabeça. Se colocar no papel, vai ver que todo mundo treina, se esforça, faz vários exercícios e aprimora. Mas, lá dentro de campo, são várias decisões. Você tem de tomar uma decisão a cada momento e isso vem da cabeça. Se a cabeça não tiver funcionando bem, por mais preparado que você esteja, você vai tomar as decisões erradas e isso vai acarretar no mau desempenho.

AMIZADE COM RAFAEL VAZ

Conversamos bastante. O Rafael é um cara que conheci aqui, conhecia de jogar contra só. Fiquei sabendo da história dele, da mãe dele. Ele fez questão de trazer o pai e a irmã para perto dele. Ele tem sofrido com esta situação. Eu lembro quando aconteceu comigo e como eu e meus irmãos sofremos com a perda da nossa mãe. Somos seres humanos. Ele é um cara muito do bem, é um líder, nosso capitão. Trouxe a família.

Eu vejo que eles ainda estão abatidos, mas ele tem feito um grande trabalho com a família, aqui no clube. Está ajudando demais. Ele é bom de resenha. Essa descontração é boa porque vivemos pressionados o tempo todo para jogar bem, treinar bem. Quando tiver um tempo para brincar, sempre bom lembrar que somos seres humanos também.

APOIO DA TORCIDA ESMERALDINA E MÁGOA COM SÃO PAULO

Fiquei muito contente e surpreso. O carinho foi muito grande comigo e com todo o time. Comigo parece que é especial por conta daquilo que vivi no meu antigo clube. Eles sentiram as dores que eu passei. Entenderam que eu me dedico, me esforço em fazer o meu melhor dentro de campo. Sou muito grato ao torcedor esmeraldino e espero corresponder isso dentro de campo.

SEGURAR O VILA NOVA

Essa é a meta, parar todo mundo. Conversamos bastante para fazer um ano maravilhoso. Primeiro o Goiano, daqui a pouco tem a Copa do Brasil e depois o Brasileiro.

IMPORTANCIA CLÁSSICO

Eu tenho visto a proporção que tem esse jogo. É muito importante, é um campeonato à parte. É entrar focado e determinado a fazer um grande jogo para sairmos contentes no domingo.

Escute na íntegra a entrevista do repórter Thiago Rabelo com o goleiro Sidão, do Goiás

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