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A Magazine Luiza anunciou um novo programa de seleção de trainees exclusivo para pessoas negras. Diante disso, surgiu uma onda de debates acerca da importância de se ter medidas para diminuir a desigualdade e aumentar a representatividade. De acordo com a empresa, dos últimos 2000 trainees, apenas 10 eram negros.

Na edição de hoje (03) do Debate Super Sábado, Samuel Straioto conversou com Iêda Leal, Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), e Maura Campos, Conselheira Seccional da OAB/GO e Presidente da Comissão Especial de Promoção de Igualdade Racial.

“Eles (negros) nunca ocuparam, e quando ocuparam, são tão poucos que se perdem no meio da branquitude. Estamos em um momento histórico, há uma reivindicação para que a sociedade perceba que os negros precisam participar dos espaços de comando e de decisão”, ressaltou Maura Campos.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil – atualizado em 2018 – apenas 29,9% dos cargos gerenciais são ocupados por pretos ou pardos. Por outro lado, 68,6% pertencem à pessoas brancas. Além disso, os negros são maioria quando se trata de desemprego – 64,2%.

Também foi pauta de debate, as cotas raciais. Segundo a Conselheira Seccional da OAB, os negros não precisariam de cotas se houvesse uma compreensão de toda sociedade de que todos são iguais, e todos pertencem a esse país. “No momento, as cotas são necessárias para equilibrar. Deveria ter uma educação básica”.

Já para Iêda, as pessoas precisam parar de dizer que cotas não são necessárias. “São 500 anos de exploração do nosso povo… A educação é mais um caminho, precisa investir na educação do país, em capacitação dos professores”. Além disso, ela complementou dizendo que a presença da criança negra na educação vai se distanciando do ensino superior.

Outros levantamentos

De acordo com o Quero Bolsa, apenas 3,68% dos cargos de lideranças das empresas paulistas são ocupados por negros. Das 58.083 admissões para esses postos, no ano passado, 2140 foram de negros, e 1,45% eram mulheres.

Os negros também se enquadram em minoria no âmbito político. Ou seja, em 2018, dos deputados federais eleitos, mais da metade eram brancos (75,6%).

Mariana Dias é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a Unialfa, sob supervisão do jornalista Tandara Reis.