Foto: Reprodução
No dia seguinte às manifestações em favor da Educação e contra o corte de recursos no setor, proposto pelo governo como um contingenciamento, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ser questionado sobre o destino do ensino superior no Brasil.
Nos Estados Unidos, onde cumpre agenda, Bolsonaro foi questionado por uma jornalista do jornal Folha de São Paulo, em entrevista coletiva, sobre a situação das universidades federais com a possibilidade de corte de 24,84% dos recursos não-obrigatórios destinados às instituições.
Repórter: “Presidente, o senhor falou que não tem nenhuma universidade brasileira entre as 250 melhores do mundo. É cortando verba da Educação que alguma universidade brasileira vai a esse…?”
O presidente respondeu que o “corte de verbas, você tem que entender, não é maldade de ninguém. Não tem dinheiro. Então o contingenciamento, que é a palavra certa, foi em um pequeno percentual nas despesas discricionárias”.
A jornalista interveio afirmando que “Contingenciamento é corte, presidente.” Em seguida, Bolsonaro apontou uma pessoa próxima de onde ocorria a entrevista como “especialista em orçamento”, que explicou o significado do termo usado pelo governo.
“Contingenciamento é a suspensão do gasto durante o período, até a receita ser confirmada”, diz o homem apontado pelo presidente como “especialista em orçamento”.
Em seguida, o presidente pergunta à jornalista se ela trabalha no jornal paulista, ela responde que sim. “Você é da Folha? Tá vendo? Aprendeu a Folha de São Paulo? Primeiro, vocês da Folha de São Paulo têm que entrar de novo em uma faculdade que presta e fazer um bom jornalismo. É isso que vocês da Folha têm que fazer, e não contratar qualquer uma ou qualquer um para ser jornalista, para ficar semeando a discórdia e perguntando besteira por aí, e publicando coisas nojentas”, conclui, seguido de aplausos de apoiadores.
O vídeo foi compartilhado no perfil oficial de Jair Bolsonaro no Twitter, com a mensagem: “Pela falta de recursos se faz contingenciamento. Todos os governos já fizeram isso, inclusive na Educação. Aqui nos Estados Unidos uma repórter da Folha desconhecia a diferença entre corte e contingenciamento. Nós explicamos.”
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<blockquote class=”twitter-tweet” data-lang=”pt”><p lang=”pt” dir=”ltr”>Pela falta de recursos se faz contingenciamento. Todos os governos já fizeram isso, inclusive na Educação. Aqui nos Estados Unidos uma repórter da Folha desconhecia a diferença entre corte e contingenciamento. Nós explicamos. Assista: <a href=”https://t.co/Lz6WoAuecX”>pic.twitter.com/Lz6WoAuecX</a></p>— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) <a href=”https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1129077683856527362?ref_src=twsrc%5Etfw”>16 de maio de 2019</a></blockquote>
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Contingenciamento
Nesta quinta-feira (16), o presidente recebeu, em Dallas, no Texas, o prêmio de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Ao citar as manifestações de ontem no Brasil contra o bloqueio orçamentário em universidades públicas, Bolsonaro disse que o Brasil tem um “enorme potencial humano”, mas que a imprensa, as escolas e as faculdades sofrem interferência da esquerda.
“Temos um potencial humano fantástico, mas a esquerda brasileira entrou, infiltrou e tomou não apenas a imprensa, mas em grande parte as universidades e escolas do ensino médio e fundamental”, disse. Em outro ponto do discurso, o presidente voltou a citar a mídia, que, segundo ele, não é isenta no Brasil. “Se vocês fossem isentos, já seria um grande sinalizador de que o Brasil poderia sim romper obstáculos e ocupar um local de destaque no mundo”.