Um dia depois da tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio, estão sendo velados e enterrados, pelo menos oito dos 12 mortos durante o massacre.

Ontem (7) à noite, a Polícia Civil do Rio divulgou lista com o nome das 12 crianças e adolescentes mortos, com idades entre 12 e 15 anos. São dez meninas e dois meninos, de acordo com os dados oficiais.

Relatos de sobreviventes da tragédia afirmam que o atirador Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, mirava na direção das meninas.

Os mortos, cujos nomes foram divulgados após identificação pelos peritos, são:

  1. Karine Chagas de Oliveira, 14 anos;
  2. Rafael Pereira da Silva, 14 anos;
  3. Igor Moraes da Silva, 13 anos;
  4. Milena dos Santos Nascimento, 14 anos;
  5. Mariana Rocha de Souza, 12 anos;
  6. Larissa dos Santos Atanázio, 13 anos;
  7. Bianca Rocha Tavares, 13 anos;
  8. Luiza Paula da Silveira, 14 anos;
  9. Laryssa Silva Martins, 13 anos;
  10. Géssica Guedes Pereira, 15 anos;
  11. Samira Pires Ribeiro, 13 anos;
  12. Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos;

Há ainda o registro de pelo menos 13 alunos feridos.

O atirador, Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, também se matou com um tiro na cabeça, depois de ter sido baleado na perna por um policial.

Carta

O atirador deixou uma carta com as alegações para cometer o crime. Com teor religioso, Wellington dizia ser portador do vírus HIV.

Nela, o autor do crime, diz que “os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio (…)”

Depois de deixar a carta, na própria escola e ser alvejado por um policial militar, o criminoso se matou, com uma das armas que utilizou para disparar contra as crianças.

Leia a carta deixada por ele:

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Luto

A presidenta Dilma Rousseff decretou luto oficial de três dias pela morte das crianças no Rio de Janeiro. As bandeiras em frente ao Palácio do Planalto estão hasteadas a meio-mastro.

Horas após o assassinato em massa, a presidenta falou sobre o episódio e se emocionou. Dilma manifestou repúdio ao crime cometido contra crianças e pediu um minuto de silêncio ao público que estava no Palácio do Planalto para participar da cerimônia marcada para comemorar a marca de 1 milhão de empreendedores individuais formalizados.

“Hoje é um dia muito triste para todos os brasileiros”, disse a presidenta. Segundo ela, o Brasil não está acostumado com esse tipo de crime.

Internacional

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), condenou com veemência o crime.

A notícia do atirador que atacou os estudantes do colégio onde estudou, virou destaque na versão online de vários jornais no exterior, como o argentino La Nación, o espanhol El País, o britânico The Guardian e até na rede de televisão Al Jazeera.

Na rede social do Twitter, a Unesco Brasil disse que repudia os ataques à escola do Rio e se solidariza com as famílias. “A escola deve ser um lugar para reconstruir a paz e a cultura”.

 


ENTENDA A TRAGÉDIA:

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Na manhã da quinta-feira (7), o ex-aluno da escola, Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, entrou na instituição com dois revólveres calibre 38 e foi direto a uma sala de aula, no primeiro andar, onde começou a efetuar os disparos.

Uma criança conseguiu fugir e pediu socorro ao policial militar, Márcio Alves, que participava de uma blitz perto da escola.

Ao adentrar no prédio, o policial se deparou com o atirador nas escadas do segundo andar do prédio. Houve troca de tiros. Ele foi baleado na perna e caiu no chão.

Nesse momento, Wellington já alvejado, deu um tiro na própria cabeça e se suicidou.

A direção da unidade de ensino informou que o homem se passou por um palestrante para entrar na escola. Com o barulho dos tiros, houve muita gritaria e os professores trancaram as portas das salas para proteger os alunos.

Todas as vítimas foram socorridas por ambulâncias do Corpo de Bombeiros e levadas para o Hospital Estadual Albert Schweitzer. Segundo Sérgio Côrtes, três delas foram operadas e passam bem. Os casos mais graves foram transferidos para os hospitais Pedro Ernesto e Saracuruna, além do Hospital Geral da Polícia Militar e para o Instituto de Traumatologia.

“Cheguei ao hospital 30 a 40 minutos depois que as vítimas começaram a chegar e já encontrei a equipe mobilizada para atender as crianças. Também vi que muitos voluntários estavam ligando para oferecer ajuda. Estamos com todos os hospitais, seja do estado, do município e federal mobilizados”, disse Côrtes.

Durante toda a manhã, familiares se aglomeraram na porta do hospital em busca de informações. Foi o caso do pedreiro Nilson Rocha, de 56 anos. A filha dele, de 13 anos, foi baleada na barriga, mas passa bem.

“Consegui falar com minha filha e ela disse que estava tudo bem. Eu estava em casa quando soube da notícia e parti para a escola. Lá disseram que minha filha estava ferida e que foi levada para o Albert [Hospital Albert Schweitzer]. Graças a Deus ela está bem.”

De acordo com a chefe da Polícia Civil do Estado do Rio, Martha Rocha, a escola ficará fechada por tempo indeterminado.

Adaptado de: Agência Brasil


Atualizado às 13h50 de 8/4.