De fardo a trunfo. Quem acompanhou a campanha de Marconi Perillo em Goiás para o presidenciável José Serra pode observar uma mudança substancial. Diferente do primeiro turno, no qual o nome de Serra foi pouco citado e, principalmente, explorado, nesse segundo turno os tucanos goianos aproveitam o bom momento vivido pela campanha presidencial tucana para capitalizar votos e sair vitoriosos no pleito de 31 de outubro.

 

Nessa reta final da campanha, José Serra passa a ser um dos principais aliados de Marconi Perillo. O ex-governador de São Paulo integrou de vez a campanha do senador. Nas ruas é possível observar o aumento de material de Serra casado com o de Marconi, que também tem aproveitado os programas de televisão, de rádio e atos públicos para sempre citar o candidato a presidente. O início da última semana revelou essa nova trajetória da candidatura tucana em Goiás. 

Na segunda-feira, 11, Serra desembarcou em Goiás para cumprir agenda de campanha em Goiânia. O presidenciável que chegou antes do horário previsto foi recebido pelo anfitrião, Marconi Perillo. Os tucanos caminharam rapidamente na Rua 3, região Central, antes de subir em carro de som para discursar. Serra se mostrou contente com a visita a Goiás, que, para ele, “está fadado a ser uma locomotiva da economia brasileira”.

O tucano voltou a apontar problemas e a propor soluções para a infraestrutura do Estado. “É um absurdo que Goiás não tenha um aeroporto moderno e que Goiânia não tenha um metrô”, disse. O presidenciável acredita que é preciso ainda melhorar a ligação com o Mato Grosso, duplicando a BR-060, e com São Paulo, “esticando” a Norte-Sul até o território paulista.

Em setembro, o presidente Lula esteve na divisa de Goiás com o Tocantins e se comprometeu a inaugurar a obra até dezembro deste ano. Durante o evento, o petista também anunciou que em outubro seria aberto o processo licitatório às obras da ferrovia que saem de Anápolis até Estrela do Norte, em São Paulo. 

No dia, Marconi Perillo avaliou como positivo o saldo da visita do presidenciável: “Fiquei impressionado com a acolhida estusiástica que tivemos”. O tucano acredita que o Serra mais uma vez demonstrou compromisso em ser um grande parceiro de Goiás, caso seja eleito. E destacou duas pesquisas internas nas quais apontam vantagem do tucano sobre Dilma Rousseff (PT) no segundo turno em Goiás. “Uma dá Serra com cinco pontos à frente; outra, com mais de 12 pontos à frente”.

Dois dias depois, durante caminhada por no Setor Universitário em Goiânia, o tucano voltou novamente a falar sobre a importância de Serra na campanha. Disse que vê uma “frente serrista” se formando em Goiás a seu favor e se mostrou feliz porque, na avaliação dele, o candidato José Serra está “virando” a eleição para presidência no Brasil.

A postura do senador com o presidenciável é bem diferente do primeiro turno. Já no início dessa etapa da disputa era flagrante a indisposição dos marconistas em carregar o nome de Serra. Na convenção do partido, em mega evento no Goiânia Arena, nenhum material do presidenciável estava afixado à disposição do olhar dos cabos eleitorais e correligionários que passaram pelo local.

Durante os programas de televisão e rádio, as citações foram tímidas. O presidente Lula chegou a ser mencionado e até aparecer em vídeo na campanha, ao elogiar os programas sociais de Marconi Perillo. A indisposição com Serra ficou ainda mais latente na última visita do presidenciável em Goiás, no primeiro turno, em setembro. Além de encontro com agentes de saúde na Capital, José Serra participou de carreata nas cidades de Piracanjuba e Morrinhos (região Sul), cidades de pouca expressividade eleitoral.

O passe de Serra passou a ser cotado no PSDB goiano após o dia 3 de outubro. Nas urnas, o presidenciável tucano derrotou a adversária Dilma Rousseff, do PT, em dois dos três maiores colégios eleitorais de Goiás. Em Goiânia, reduto do adversário peemedebista Iris Rezende e administrada pelo PT, Serra obteve 40,9% dos votos válidos, contra 32,7% de Dilma. Em Anápolis, cidade também de gestão petista, o tucano obteve 43,6% dos votos válidos, contra 33,5% da candidata do PT. 

A boa votação de Serra em Goiânia tem sido um dos trunfos para que Marconi reduza ainda mais a vantagem de Iris na cidade que até março deste ano era administrada pelo peemedebista. O candidato ao governo do PSDB tem aproveitado a onda religiosa que abalou a candidatura de Dilma e beneficiou Serra para capitalizar mais votos. Nas ruas da Capital, carros de som de Marconi divulgam mensagem do próprio postulante na qual defende o respeito aos princípios cristãos e da família.

Frederico Jotabê

Fonte: tribunadoplanalto.com.br