Em Porto Alegre para a partida entre Grêmio e Goiás, válida pela 19ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, o gestor de futebol esmeraldino Túlio Lustosa foi entrevistado com exclusividade pelo repórter Juliano Moreira, das Feras do Kajuru, antes da partida contra a equipe gaúcha. Ex-jogador do clube, o dirigente lembra bem como o time era temido no Campeonato Brasileiro, uma realidade distante atualmente, e que recuperar esse prestígio não é uma tarefa fácil.

“Além de difícil, não é instantâneo, não temos um remédio milagroso de um dia para o outro reconquistar todo aquele respeito que o Goiás tinha dentro e fora de casa. Mas acho que o fato de ter retornado à elite do futebol brasileiro e estar disputando a Série A é o início desse resgate. Um time que não se acovardava com qualquer que fosse o adversário, sempre jogava de igual para igual e quando o jogo era no Serra Dourada se tornava um gigante lá dentro e foi temido pela maioria dos clubes do Brasil”, ressalta Túlio.

Apontada como uma das razões para a dificuldade em montar um time competitivo, o dirigente frisa que a distância financeira não era tão grande anteriormente, e que “esse abismo está ficando maior, e claro que isso dificulta, mas não pode ser motivo. O Goiás é um dos pouquíssimos clubes no futebol brasileiro que tem suas finanças em dia. Isso é um motivo de orgulho muito grande e é um atrativo para ter essa boa reputação de bom pagador. Futebol é equilibrado independente de valor de salário, o Goiás dá todas as condições para os atletas e cobramos somente a reciprocidade do atleta”.

Túlio Lustosa. (Foto: Rosiron Rodrigues)

Gestor de futebol do clube esmeraldino desde o final de 2017, Túlio avalia que a respeito do seu trabalho “não sou eu que tenho que dar nota, a gente trabalha dentro das nossas condições e acho que poderia estar muito melhor. Tivemos tropeços inaceitáveis, duas situações que foram vexatórias para o nosso torcedor e um clube com a grandeza do Goiás, e derrotas em que jogamos melhor que o adversário, poderíamos ter vencido e estar em uma posição muito mais confortável na tabela. Não está confortável, ninguém aqui dentro está satisfeito com o desempenho até então na questão de colocação”.

Com mais uma derrota na Série A, a décima em 19 partidas, o Goiás fechou o primeiro turno na 15ª posição com 21 pontos, a dois da área de classificação para a Copa Sul-Americana, mas a apenas três da zona de rebaixamento. “A briga sempre foi para ficarmos entre os dez primeiros e conquistarmos uma vaga para a Copa Sul-Americana, esse é o objetivo e acho que é uma ambição que está dentro da normalidade. Não é nada absurdo falar em ficar entre os dez primeiros do Campeonato Brasileiro, independente de orçamento, mesmo não estando entre os 15 primeiros da Série A”, aponta o dirigente.

A comparação com o Athletico Paranaense existiu desde que os dois clubes cresceram na segunda metade dos anos 1990. Contudo, desde então o time rubro-negro conquistou um título da Série A, chegou a uma final da Copa Libertadores e foi campeão da Sul-Americana em 2018, estando envolvido agora na sua segunda decisão da Copa do Brasil, carregando a vantagem de ter vencido o Internacional por 1 a 0 na Arena da Baixada. Túlio defende que “o Goiás está se reestruturando para isso, a gente vê o esforço do presidente em construir a nossa arena, o Goiás tem que ter a sua casa e um estádio à altura da história”.

Sobre o receio de ver o Goiás cair novamente, o gestor de futebol esmeraldino não teme a situação, e “a convicção que eu tenho de que a gente vai classificar o Goiás para a Copa Sul-Americana é muito grande”. Túlio reforça que “é possível sonhar com uma vaga na Copa Sul-Americana, e caso essa vaga venha é possível sonhar sim com o título inédito. O Goiás já passou muito perto e espero que em 2020 a gente possa reacender essa chama de ter a ambição de um título sul-americano para o Goiás”.