(Foto: Getty Imagens)

As horas de antecedência com que se chega ao estádio em dia de grandes coberturas costumam ser consumidas com a montagem de equipamentos, entradas ao vivo e a produção de matérias especiais. Uma correria que só.

O chamado pré-jogo, geralmente, inclui a chegada dos times, a movimentação de torcedores e a logística dos jogos. Já tinha conteúdo suficiente, mas continuei perambulando pelos arredores do Fisht Stadium, em Sochi.

Da muvuca para comprar água e copos colecionáveis parti pra um portão que achava ser o da imprensa. Se perder às vezes tem suas vantagens.

No caminho, um grupo de engravatados passando. Percebi que não era só a elegância que chamava a atenção. A câmera de uma TV logo apontou para um deles. “Tira uma foto comigo?”, perguntou um torcedor de Portugal que passava naquele instante. “Quem era?”, perguntei sem o mínimo constrangimento. Deveria. Tratava-se do presidente da República Portuguesa.

O nome Marcelo Rebelo de Sousa não me era estranho. Há dois ou três dias, buscando notícias sobre a seleção de Portugal, tinha visto um vídeo dele na Casa Branca. “É o melhor jogador do mundo”, disse para Donald Trump, que, astuto como sempre, logo provocou: “Se Cristiano se candidatasse à presidência contra você, ganharia?”

Abandonei as águas e os copos pra pegar o celular. “Preciso de pelo menos uma foto”. Enquanto caminhava, tentava destravar o aparelho. Nada! Acidentalmente, acionei a ligação de emergência. Toca uma sirene. O suficiente para os 11 seguranças do presidente olharem pra mim.

“Só queria uma foto!”, disse quase em posição de rendição, mostrando a inocente tela. Com uma cara nada convidativa, o presidente estendeu a mão. Pegou meu celular. “Portugal não é o Estados Unidos”, lembrei da resposta que ele deu no vídeo. Pensei: se ele falou assim com Donald Trump, imagina comigo?

Olhei pro celular. Destravado. Pensei nas entrevistas e vídeos do pré-jogo. “Eram suficientes”, me lembrei arrependida. E antes que eu emendasse, mentalmente, um “devolve ai, presidente”, ele abriu o sorriso e me puxou pra uma selfie. Sem foco, nem protocolo.

Enquanto isso, Cristiano Ronaldo era eliminado… da Copa do Mundo e das eleições presidenciais.

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