Um grupo de pesquisadores da Unicamp desenvolveu uma plataforma que permite identificar a presença de agrotóxicos em tomates. O objetivo é certificar que os alimentos ditos como orgânicos, vendidos em feiras e mercados, realmente não possuem químicos. A ferramenta utiliza inteligência artificial e constatou que aproximadamente 30% das amostras dos tomates certificados como orgânicos contêm traços de resíduos químicos.

Agora, os cientistas envolvidos irão ampliar a análise para outros alimentos. Além disso, eles estudam desenvolver um chip para tornar o teste acessível aos produtores e consumidores.

O estudo

A pesquisa é feita por professores e alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e tem parceria com o Instituto de Computação (IC). A união entre as áreas possibilitou a combinação do uso do espectrômetro de massa (medidor do peso das moléculas) e o aprendizado da inteligência artificial, permitindo a criação de um modelo para identificar as substâncias.

Além de identificar os marcadores de agrotóxicos, a plataforma também mapeia as substâncias naturais e benéficas dos tomates, como licopeno, betacaroteno. O professor Rodrigo Catharino explica os benefícios descobertos a partir da pesquisa e os impactos positivos que podem gerar na sociedade. “O objetivo é assegurar que realmente se trata daquela molécula e se isso faz sentido do ponto de vista químico. Tudo isso gera um conjunto extremamente específico e robusto para dizer se determinado legume ou hortaliça é orgânico ou não”, relata.

O professor Rodrigo Catharino: “Tudo isso gera um conjunto extremamente específico e robusto para dizer se determinado legume ou hortaliça é orgânico ou não” (Foto: Felipe Bezerra)7

Catharino aponta que escolheram o tomate por ser uma das principais culturas do Brasil e por concentrar os agrotóxicos no pedúnculo, tornando mais fácil a análise. Nesse sentido, para a pesquisa, utilizaram 80 amostras de tomates orgânicos e 80 de não orgânicos da região de Campinas (SP).

Um dos agrotóxicos encontrados nas amostras foi o Carbendazim. O produto é um dos mais utilizados no país, que é o recordista mundial em uso de defensivos químicos. Contudo, em 2022, o Carbendazim tornou-se proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além disso, o estudo que deu origem à plataforma ainda foi publicado em uma das mais prestigiadas revistas da área, a Food Chemistry

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