(Foto: Reprodução/ ONU)

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertou que crianças migrantes do México e da América Central estão correndo graves riscos ao serem deportadas.

Num relatório, divulgado nesta quinta-feira, em Nova Iorque e na Cidade do Panamá, a agência informou que causas como violência extrema, pobreza e falta de oportunidades não apenas provocam a migração do norte da América Central e do México, mas também são consequências para deportações realizadas pelos Estados Unidos e pelo México dessas crianças.

Indiferença

El Salvador, Guatemala e Honduras foram os países citados no estudo com altas taxas de homicídio de crianças e extrema pobreza.

Mary, da Guatemala, disse que onde vive, a cada três dias uma pessoa é assassinada.

O Unicef pediu aos governos que cooperem entre si para implementar medidas que aliviem as causas da migração forçada e irregular protegendo as crianças refugiadas e migrantes.

O relatório Uprooted in Central America and Mexico analisa desafios e perigos enfrentados por milhões de crianças na região que são vítimas da pobreza, da violência, da indiferença e do medo da deportação. A declaração foi dada pela diretora regional do Unicef na América Latina e no Caribe, Cristina Perceval.

Ela lembrou que em muitos casos, as crianças são levadas de volta para casa sem terem um lar e acabam nas mãos de gangues.

Assassinatos

Na Guatemala, 74% das crianças vivem na pobreza. As taxas para El Salvador e Honduras são 44% e 68%, respectivamente. Quando se fala de violência, a Guatemala registrou, no ano passado, 942 menores tiveram mortes violentas. Muitas crianças em Honduras, El Salvador e Guatemala são recrutadas por bandidos, sofrem com abusos e até assassinatos.

Entre 2008 e 2016, pelo menos uma criança morreu por dia em Honduras. Zoe disse que o pai o convenceu a sair do país em busca de uma vida melhor e de proteção.

Ainda de acordo com o estudo do Unicef, o estigma é um outro problema para as crianças centro-americanas deportadas. Elas ficam conhecidas pelo fracasso de chegar ao México ou aos Estados Unidos. O estigma também dificulta a reintegração delas na escola e no caso dos adultos a encontrar um trabalho.

Famílias

A agência da ONU afirmou que a separação das famílias e a detenção de menores migrantes são profundamente traumatizantes e podem ter um efeito negativo para o desenvolvimento das crianças a longo prazo. Para o Unicef, manter as famílias juntas é melhor para crianças migrantes e refugiadas.

O relatório traz uma série de recomendações para que as crianças fiquem seguras e para reduzir as causas que levam com que crianças e famílias deixem seus lares à procura de segurança ou de um futuro com mais esperança.

Para a chefe regional do Unicef, os governos têm agora uma oportunidade de fazer o que é certo ao implementar maneiras de aliviar as causas da migração e proteger as crianças em trânsito.

Entre 2016 e abril de 2018, quase 68,5 mil crianças foram detidas no México e mais de nove em cada 10 foram deportadas para os países da América Central.