Acidente em Goiânia foi maior da história (Foto: Divulgação)
O Centro de Assistência aos Radioacidentados (CARA) e a Associação das Vítimas do Césio 137, promoveram na manhã desta quinta-feira (13) um culto ecumênico para rememorar os 25 anos do maior acidente radiológico da história, em Goiânia, em 1987.
Estiveram presentes algumas vítimas do acidente. Uma delas é Márcio Pessone, de 57 anos. Ele trabalhava no Consórcio Rodoviário Intermunicipal (CRISA). Ele afirma que muitos funcionários deste órgão foram obrigados a trabalhar no primeiro momento do acidente.
“Um falava uma coisa e outro, outra. Nem roupa de proteção tinha, só depois foram providenciar. Antes, todo o mundo estava de mãos limpas. O CRISA até acabou e só sobrou esse povo doente. A gente foi enganado, se soubesse, não ia enfrentar uma coisa dessas”.
Márcio Pessone teve câncer no pescoço logo depois do trabalho no acidente com o Césio 137. Ele passou por pelo menos três cirurgias para retirada do tumor, que deixaram sequelas graves e recebe cerca de duas injeções de morfina por dia para tentar suportar a dor.
Miriam Mota, outra vítima, tem hoje 53 anos. Ela era telefonista do CRISA, tinha 27 anos e estava grávida quando o acidente aconteceu.
“Eles mandaram eu ir e não quiseram contar nada. Como a gente é mando, eu fui e quando meu filho nasceu, foi com má formação cerebral e cardiopatia. Esse é dia é de muita amargura pra gente”.
Celso Celestino Evangelista trabalha na Vigilância Sanitária e teve contato direto com o material radioativo. Ele mostra que, além de físicas, as sequelas do acidente com Césio 137 são psicológicas.
“Saúde pra mim é bem estar física, mental e social. É uma coisa que eu não tenho. Eu bebo muito e estou esperando a qualquer momento aparecer um câncer em mim. Da nossa época, quantos já morreram com câncer?”, questionou.