O esforço global de 15 anos para melhorar a vida das pessoas em todos os lugares por meio da consecução dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030 já estava distante da meta no final de 2019. E agora, em apenas um curto espaço de tempo, a pandemia da Covid-19 desencadeou uma crise sem precedentes, causando mais interrupções no progresso dos ODS, com os mais pobres e vulneráveis do mundo os mais afetados, de acordo com um novo relatório divulgado no último dia 7 pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU.

Estima-se que 71 milhões de pessoas devam ser empurradas de volta à pobreza extrema em 2020, o primeiro aumento da pobreza global desde 1998. Diante deste cenário, para conversar sobre esse assunto, o Debate Super Sábado (11) entrevistou no primeiro bloco o
professor do curso de Serviço Social da UFG e diretor da Regional Goiás da UFG, Renato dos Santos; a diretora de Proteção Social Especial da Semas Goiânia, Margareth Sarmento; e a secretária de Desenvolvimento Social, Lúcia Vânia.

Rendimentos perdidos, proteção social limitada e aumento dos preços significam que mesmo aqueles que estavam anteriormente seguros poderiam se encontrar em risco de pobreza e fome. A secretária Lúcia Vânia, explica que o vírus manifestou a deficiência do país. “A pandemia deu uma visibilidade muito grande ao problema da desigualdade que vem se arrastando ao longo do tempo, e a falta de investimento nas áreas sociais. Ficou bem explicita a falta de saneamento básico, do Déficit habitacional, as deficiências do próprio Sistema Único de Assistência Social, o trabalho informal, e a deficiência da inclusão digital”, afirma.

Lúcia Vânia, ainda, ressalta o período em que trabalhou no Congresso Nacional, e pode ver de perto o pouco investimento nessas áreas sociais. O que deve ser feito, neste momento, é um diagnostico do que não está funcionando e o que poderia funcionar melhor. “Eu trabalhei no congresso nacional durante muito tempo, e pude perceber ao longo do tempo o investimento na área social está sempre a margem, é o que sobra.”

Margareth Sarmento, também, acredita que esse é o momento para diagnosticar o que não está funcionando. “Agora é um momento para gente desviar o olhar, de repensar, principalmente as políticas públicas. Esse é o grande momento para a Assistência Social, toda vida ela foi muito marginalizada, nas bancadas do congresso ela foi vista como caridade, e não é, ela é um política de direitos, que a gente tem que repensar nesse momento”, salientou.

Para o professor Renato dos Santos, o Brasil não é um país pobre, mas é um dos mais desiguais do mundo. “O Brasil não é um país pobre do ponto de vista da possibilidade, dos acessos que as pessoas devem ter a alimentação, ao saneamento básico e aos outros serviços essenciais. Mas o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, e a desigualdade está relacionada a concentração da renda, e não necessariamente ao acesso a bens e serviços”, explica.

Giro pelos Estados

Para saber como alguns estados do país estão enfrentando a pandemia do novo coronavírus, o programa foi até o Amazonas, São Paulo e Ceará. Para isso entramos em contato com Eugênia Nogueira, jornalista e assessora de imprensa em Fortaleza, no Ceará; Andrea Ramos Bueno, jornalista na “Timbre áudio e texto”, em São Paulo; e a Carolina Diniz, repórter do G1 Amazonas.

Conforme a repórter Carolina Diniz, o Amazonas se destacou muito no começo da pandemia, mas agora tudo está se normalizando. “Nós tivemos um pico entre abril e maio, onde os piores casos foram no meio de maio. A gente teve em uma semana mais de 11 mil casos registrados, e o número de mortos chegou a mais de 420, em todo Amazonas. Agora a gente está observando uma tendencia de queda desde junho. O governo voltou a reabrir o comercio, voltando em ciclos, ele determinou que seria um retorno gradual”, relata.

Já no Ceará, os casos ainda preocupam. “O Ceará contabilizou no início da noite de ontem (10), 134.610 diagnósticos positivos da covid-19. Em relação as mortes, foram 6.842. Esses dados constam de uma plataforma que a gente tem, a IntegraSUS, que tem todos os dados sobre morte e recuperação… só nas últimas 24 horas a gente teve 11 óbitos provocados pelo vírus”, afirma a jornalista, Eugênia Nogueira.

E em São Paulo, Andrea Ramos Bueno explica que a capital e região metropolitana está em uma fase de queda do pico de risco. “Em São Paulo já foram fechados os hospitais municipais de campanha do Pacaembu e no Anízio, permanece, apenas, o hospital de campanha do Ibirapuera, que vai continuar atendendo prioritariamente os pacientes de Campinas e região, mas também, atenderá as necessidades do interior do estado.”

Ouça as edições anteriores do Debate Super Sábados