Jogadores  alemães concedem entrevista coletiva na sede da Mercedes Benz (Foto: Monara Marques/ Sagres on)

 

Carregar o status de atual campeã do mundo tem sido um desafio psicológico para o seleção alemã

Monara Marques, de Berlim

Se do lado da Seleção Brasileira o estigma do 7 a 1 mexe com o emocional dos jogadores, do lado da Seleção Alemã a preocupação é minimizar  a pressão que os jogadores carregam junto com o favoritismo e status de atuais campeões do mundo.

“Você tem que estar sempre melhor para se manter no topo, e isso é muito difícil”, explica Hans-Dieter Hermann, psicólogo da seleção desde 2004. 

Em entrevista ao jornal local Berliner Morgenpost, Hermann contou o perfil dos jogadores buscados pela seleção alemã. “É preciso gostar do que faz e ter metas ambiciosas. Temos a sorte de contar com jogadores desse perfil, mas sabemos que esse status não é definitivo”, disse o psicólogo.

Campeão mundial em 2014 e um dos personagens do fatídico 7 a 1, o zagueiro Per Mertesacker declarou recentemente que às vésperas de jogos importantes sofria com náusea e diarréia, chamando a atenção para o estresse do futebol profissional. 

Hermann citou como exemplo outro campeão mundial e maior artilheiro das copas do mundo, com 16 gols, Miroslav Klose: “ Ele sempre saia para pescar, passando horas sem conversar”, disse o psicólogo que considera importante os momentos de introspecção e a presença de uma segunda identidade. “Eles não são apenas jogadores de futebol, são homens de família, bons amigos”.

Humanização é prioridade na Seleção Brasileira

coutinho familia berlim

(Foto: Reprodução/ Instagram/ @phil.coutinho)

Trabalhar o lado humano tem sido uma das prioridades do técnico Tite, que já declarou a intenção de abrir a concentração durante a Copa do Mundo para amigos e familiares dos jogadores da Seleção Braileira. 

Em Berlim, jogadores, como Phillipe Coutinho, trouxeram esposa e filhos para acompanhar o amistoso diante da Alemanha.

Outro que destacou o trabalho psicológico de Tite e comissão técnica foi Willian: “A perda da minha mãe me abalou muito emocionalmente. Realmente afetou bastante meu desempenho dentro de campo. Agradeço ao Tite e primeiramente a Deus. Fico feliz por ter dado a volta por cima“, disse o meia-atacante do Chelsea em entrevista para a Sagres 730. 

Liderança de Löw é destaque na Seleção da Alemanha

hans dieter hermann

Joachim Löw (à direita) [Foto: imago/ActionPictures]

Com Joachim Löw, técnico da Seleção Alemã, não tem sido diferente. Apontado como um grande líder pelo psicólogo da Alemanha, Löw ganhou a confiança dos jogadores após a conquista da Copa do Mundo de 2014 pelo seu jeito sereno. 

“Mesmo em situações de alta pressão, ele consegue manter o equilíbrio, de forma a não afetar os jogadores”, disse Hermann, que vê a liderança de Löw como um dos trunfos da Alemanha para conseguir um bom desempenho tanto no amistoso desta terça-feira, 27, diante da Seleção Brasileira, quanto na Copa do Mundo da FIFA Rússia 2018™.

Fora de campo, ele (Joachim Löw) é uma pessoa muito humana, fala muito com a gente sobre a parte mental. Temos liberdade pra falar sobre tudo com ele, bater na porta dele e conversar. E isso é muito bom, dá força e confiança aos jogadores”, disse Matthias Ginter, em entrevista coletiva realizada na sede da Mercedes-Benz, em Berlim.

O zagueiro, que participou da final das Olimpíadas contra o Brasil, no Rio de Janeiro, deve ser titular no amistoso de amanhã, contra o Brasil, ao lado de Jérome Boateng, que falou no microfone da Sagres 730. 

“Ele, como pessoa, quer saber como nós estamos não só no futebol. Sempre contribuiu muito para o nosso desenvolvimento”, disse o jogador, que foi titular da seleção alemã no 7 a 1 e na Copa do Mundo de 2014.