Vindo ou não a Goiás para o pleito de 2010, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pode ser a tábua de salvação do deputado Ronaldo Caiado.
Se o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles vier, se torna a alternativa do democrata ao PSDB e, certamente, terá o apoio do DEM caiadista. Com o presidente do Bacen no páreo, o deputado tem uma boa justificativa para não apoiar Marconi. E se Meirelles não vier, Caiado também pode se beneficiar. Sem o ministro de Lula, o parlamentar pode, finalmente, se viabilizar à disputa e se firmar como alternativa do PP à sucessão do governador Alcides Rodrigues.
Após as trocas de farpas entre pepistas e tucanos nos últimos meses, fica difícil vislumbrar um cenário em que PSDB e PP estejam juntos em 2010. De fato, as bases ainda mantêm maior proximidade, mas, nas cúpulas, as duas legendas nunca estiveram tão distantes. Como Caiado, o PP vai buscar uma alternativa à candidatura de Marconi. Afinal, a última coisa que os correligionários do governador querem é ter de engolir as farpas lançadas pelos tucanos, desde que o pepista assumiu o governo.
Há tempos já não é novidade que o PP sonha com a vinda de Meirelles para a disputa da sucessão de Alcides Rodrigues. A vontade que o presidente do Bacen tem de governar Goiás também é evidente. A questão é saber da disposição do ministro em enfrentar o senador tucano e o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB).
E se ele não vier? O PP estaria disposto a investir na postulação de Caiado? Os pepistas garantem que Meirelles vem e preferem não levantar outros nomes. Apesar disso, o democrata alimenta a esperança de se tornar o candidato do governador no Estado, caso Meirelles abra mão da postulação.
Considerando como certas as candidaturas de Iris Rezende e Marconi Perillo ao governo, o apoio do governador Alcides Rodrigues a uma postulação alternativa torna-se fundamental. A aliança com o governo estadual é o primeiro, e mais importante, passo para a formação de uma candidatura alternativa às que já estão colocadas.
Ao se colocar como terceira via, Caiado deixa claro que não tem medo de encarar a disputa com Iris e Marconi. Bom para o PP que teme o retorno do tucano e pode não conseguir superar as diferenças históricas com o PMDB. Bom também porque, embora os pepistas relutem, ainda há a possibilidade de Meirelles não vir para disputar o governo. E, neste caso, o que Caiado quer é se tornar o plano B do PP, uma alternativa viável para, se necessário, substituir o ministro.
Apesar da vontade de concorrer ao Palácio das Esmeraldas, o próprio deputado sabe que há um longo caminho a percorrer. As dificuldades são enormes. Aí surge outra questão: será que Caiado torce mais para que Meirelles venha ou para que ele abra mão da postulação? A candidatura do presidente do Bacen é a desculpa diplomática perfeita para o democrata não apoiar Marconi. Por outro lado, se Meirelles não vier, ninguém garante que o PP vai mesmo lançar um candidato. Mais: ninguém garante que Caiado estaria cotado para a disputa. Apesar disso, essa pode ser a brecha para o democrata conseguir o espaço que sempre quis. E aí? Essa é uma questão que talvez nem o próprio Caiado consiga responder ainda.
Fonte:Tribuna do Planalto