Especialista explica por que amores duradouros estão cada vez mais raros

No programa Tom Maior, exibido na terça-feira (3), o tema das relações modernas ganhou destaque com a presença da neuropsicóloga Fabiane Fagundes, que trouxe uma reflexão profunda sobre os novos modelos afetivos, marcados pela fluidez e pela dificuldade de manutenção a longo prazo. A conversa girou em torno das chamadas “relações líquidas”, conceito do sociólogo Zygmunt Bauman, e como esse fenômeno impacta especialmente os jovens.

“Mudou tudo”, afirmou Fabiane, ao ser questionada sobre as transformações nas formas de se relacionar. “A forma de se relacionar está em transição. Há 20, 30 anos, a oferta era muito menor. As pessoas se conheciam nas praças, nas igrejas, nas famílias. Hoje, com o universo digital, os encontros se tornaram mais superficiais, mais baseados em imagem do que em história e conexão real.”

A psicóloga destacou o papel da dopamina nesse processo, neurotransmissor relacionado ao prazer imediato, que tem se tornado cada vez mais dominante nas interações sociais mediadas por aplicativos e redes sociais. “As pessoas hoje olham o outro como produto. É uma vitrine. Se não agrada, troca. A dopamina faz parecer que você encontrou o amor da vida, mas essa paixão química não dura. Quando ela passa, é a hora de construir o amor. E é aí que muitos desistem.”

Questionada sobre os impactos emocionais da instabilidade nas relações, Fabiane alertou: “Ansiedade, depressão, adoecimento emocional. Atendo muitos adolescentes e pré-adolescentes no consultório já afetados por essa lógica de vínculos frágeis. A ausência de modelos de relacionamentos duradouros impacta diretamente a saúde mental dos jovens.”

O debate também abordou relacionamentos que começam de forma acelerada. “Quando tudo acontece muito rápido, ainda no auge da paixão, não há tempo para o amor se construir com base em outros pilares. A paixão é dopaminérgica, viciante como uma droga. Mas o amor exige outros processos, exige tempo, entrega e construção.”

Em meio à análise crítica do cenário atual, ela foi questionada se é possível amar nos tempos de hoje? “É possível, sim”, respondeu Fabiane com convicção. “Amar e ser amado de forma profunda é uma das maiores bênçãos que um ser humano pode viver. Mas é preciso sair da caverna do consumo, entender que amor não é troca nem substituição. Começa dentro de casa, com os pais ensinando o que é amar. Começa com o amor próprio. Quem não se respeita, não consegue respeitar o outro.”

A especialista finalizou com uma citação de Carl Jung: “A alma humana está para as relações verdadeiras, assim como o corpo está para o alimento.” E concluiu: “A gente precisa de relações verdadeiras para nutrir a alma.”

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

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