O advogado, Domingos Ganzera e a geógrafa, Rosane Gama (Foto: Rafael Bessa)

A Associação dos Consultores Ambientais de Goiás convocou entrevista na segunda-feira (6) para esclarecer dúvidas sobre a Outorga da barragem que se rompeu na Fazenda São Lourenço das Guarirobas, locaizada na zona rural de Pontalina, no último sábado (4). A responsável pela Outorga de Águas da represa que se rompeu, a geógrafa Rosane Gama, afirmou que o local não contava com nenhum técnico responsável. “Aquela barragem não tem um responsável técnico pela elaboração de projeto e pela execução de obra, isso ela não tem, talvez por negligência do proprietário na época que fez a obra”, disse Rosane que faz parte da diretoria da Associação.

A geógrafa esclareceu que existem diferentes tipos de responsabilidades técnicas em barragens. Sendo elas de elaboração, execução e em seu caso, de Outorga para Captação de Águas.“Eu sou responsável técnica pela outorga de água por ter apresentado para a Semad, na época Secretaria de Meio Ambiente, o volume de água acumulado se seria suficiente ou não para a demanda dos dois equipamentos de irrigação e foi analisado e aprovado por ela que sim, o volume acumulado ali existente com as tábuas no extravasor desde aquela época eram suficientes para a demanda dos equipamentos”.

Rosane ainda revelou que não existe no Estado um trabalho de acompanhamento técnico de manutenção das barragens. “Eu não faço nem daquela barragem e nenhum profissional faz de nenhuma das barragens existentes no Estado até hoje”, afirmou. Na visão da geógrafa, o rompimento da barragem foi motivado pelo volume desproporcional de Chuvas que atingiram a região. “Na minha ótica técnica houve um evento, uma chuva fora do normal para esse período do ano, haja vista que no final do ano nós tivemos uma seca extremamente prolongada e isso deve ter contribuído para que o proprietário não rebaixasse o nível da barragem. E com o advento dessa chuva inesperada, um volume de 192 mm de água em 6 horas, 8 horas, isso pegou todo mundo de surpresa e houve esse imprevisto em Pontalina”, disse.

O advogado da Associação, Domingos Ganzera, contestou a informação de que o rompimento da barragem teria danificado o sistema de captação da Saneago e na entrevista coletiva, ele apresentou imagens do Google para defender seu argumento, afirmando que a barragem está em um lado contrário ao sistema da Saneago na cidade. “Como as imagens mostram, a barragem está do lado Oeste da cidade enquanto o ponto de captação da Saneago está do lado Leste. Essa barragem rompeu de um lado e a bacia de contribuição dela por onde ela correu está do outro lado da Saneago, ou seja, ela não foi responsável por alagar aqueles equipamentos, aquilo ali foi a chuva”, disse.

Ganzera lembrou que foram 192 mm de chuva e ressaltou que o problema foi o volume de água. “Estamos falando de 192 mm, é 1,92 m de chuva é 1,92 de altura por metro quadrado de uma bacia de contribuição, para uma bacia daquele tamanho é muita água, então com certeza do outro lado de lá também teve impacto de alta magnitude ali para alagar tudo aquilo e trazer todo esse impacto para a cidade”, afirmou.

Ainda de acordo com dados repassados pela Associação dos Consultores Ambientais de Goiás, a represa de Pontalina que se rompeu tinha 8 metros de altura e comportava cerca de 352 mil metros cúbicos de água.

Abastecimento de água

Em relação ao abastecimento, a Saneago informou por meio de nota, que em menos de 19 horas após a regularização do nível da água na área da captação, o fornecimento de água foi retomado no domingo às 11h40 e a normalização do abastecimento ocorreu ao longo daquela noite. Na noite desta segunda-feira (6), a estação elevatória final de esgoto voltou a operar normalmente. O quadro de comando, danificado pela inundação, foi substituído, bem como concluída a limpeza da área e a sucção de sedimentos nos dutos.