Um dos principais nomes no estudo sobre o coronavírus no estado de Goiás, o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz, foi entrevistado no programa Toque de Primeira, da Sagres 730, nesta quinta-feira (4). Questionado sobre os exames realizados pelo Atlético – que optou por teste rápido – e Goiás – que fez testes sorológicos e PCR – o profissional explicou que a verificação feita pela time esmeraldino é mais confiável.

“O teste rápido tem um perfil de sensibilidade menor do que o PCR, com no máximo 85% e ainda alguns riscos de reação cruzada, falso positivo. O melhor é executar os dois exames nesses atletas de alta performance, de preferência os dois principais: a sorologia, por sangue e também o PCR. Eu deixaria os testes rápidos, mais com a população geral. Dessa forma, o Goiás vai testar novamente os seus atletas pra que tenham uma plena atividade nos próximos dias”, disse o doutor Boaventura.

Sobre as medidas tomadas pelo Atlético, que pediu aos seu jogadores que ficassem por 20 dias isolados antes dos testes rápidos, o doutor Boaventura reiterou que o ideal era ter feito o exame PCR. “Não tenho a garantia se eles ficaram completamente isolados ou se tiveram contato com famílias ou não. Mesmo cumprindo a quarentena, o exame que garante que nenhum deles esteja infectado é o PCR”.

Com relação aos jogadores às pessoas no Goiás, especialmente os três jogadores, que não apresentaram sintomas, mas estão contaminados com a Covid-19, o médico explicou que o prejuízo físico é momentâneo.

“Eles podem ter momentaneamente o prejuízo pelo fato de terem que ficar num relativo repouso, pois devem aguardar a resposta do organismo à infecção, até por que são pessoas assintomáticas, mas devem ser mantidos pelo menos uns 12 dias em observação e sem atividades físicas normais. Se melhorarem bem, não tem motivo nenhum para não retomarem as atividades físicas, porque como se sabe, 80% das pessoas vão passar por esta doença sem sintomas, pois uma vez com o diagnóstico, essas pessoas vão ficar em observação, mas após este período podem voltar à normalidade”.

Também em entrevista para a Sagres 730, o presidente do Goiás, Marcelo Almeida, que também é médico, revelou que havia conversado sobre os testes no clube com o doutor Boaventura, que sugeriu que os testes no grupo de contaminados podem ser feitos novamente em sete dias.

“Ele discutiu comigo todos os resultados, o que fazer, por quanto tempo a gente iria acompanhar, quando fazer novos testes nas pessoas, então foi esta a discussão, e a principal delas é: pessoas que testaram positivas e principalmente com PCR positivo, essas pessoas vão aguardar para retomar as atividades em 14 dias. Se quiser testar de novo em sete dias e tiver negativo, elas põem retornar às atividades de forma gradual para restabelecer a condição física”.

O doutor Boventura aproveitou para fazer uma análise sobre o momento atual dos hospitais que estão preparados para receberem pacientes com o coronavírus. Por enquanto, uma realidade “confortável”, mas que deve piorar com a flexibilização do isolamento social por parte das autoridades.

“Neste momento a nossa realidade ainda é confortável, ainda não temos um volume de leitos destinados ao coronavírus que comprometa a nossa população. Pelo meu conhecimento, a gente percebe nos hospitais, um número maior de pacientes, mas dentro da capacidade de atendimento. Nos 10 últimos dias piorou, não dúvida disso. Agora neste mês, estamos entrando no pico dessa pandemia e infelizmente com uma redução muito significativa do isolamento social nós já começamos a colher o fruto desse decréscimo”, finalizou.