Na semana que passou, o diretor de patrimônio do Vila Nova Leonardo Rizzo concedeu uma entrevista aos profissionais Rafael Bessa e Charlie Pereira, no programa Toque de Primeira, da Rádio Sagres 730. A pauta transcorreu dentro da normalidade enquanto Leonardo foi questionado sobre os melhoramentos feitos no bosque anexo ao Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, por onde acessam os diretores, conselheiros tradicionais, patrocinadores e os convidados especiais.

Por se tratar de um bosque, que já fez parte da sede da Saneago e que foi repassado ao clube pelo Governo de Goiás, na gestão de Marconi Perillo, o lugar não dispunha de nenhuma estrutura para ser o portal de entrada dos mais importantes espectadores dos jogos: piso de terra, com poeira na seca e lama no período chuvoso. Sem condição de demarcação, os carros eram estacionados onde os cabiam entre uma árvore e outra – não raras vezes uns travavam os outros e eram comuns pequenos esbarrões dos carros nos troncos das árvores. A pavimentação corrigiu tudo isto e deu ao colorado condições de receber bem, quem pode ajudar o clube. Ficou uma porta de entrada à altura da tradição vilanovense.

E o que já está bom, tende ser melhorado, já que corre uma lista entre os torcedores para arrecadação de recursos para jardinar os canteiros sem pavimentação. A ideia é florir o espaço com roseiras vermelhas e brancas, as cores do Tigrão.

Leonardo também foi bem quando falou sobre os melhoramentos que estão sendo feitos no Centro de Treinamentos do Clube, próximo ao Aeroporto Santa Genoveva. Comprometeu-se a dotar o espaço do necessário para o Vila treinar, como um time grande precisa.

Como é de conhecimento dos desportistas goianos, Atlético e Goiás estão cuidando de reformar e ampliar seus estádios, o Antônio Accioly, no Bairro de Campinas e o Hailé Pinheiro, no Setor Serrinha. Os dois clubes querem ficar livres dos custos altos para mandar os jogos no Serra Dourada, além de ter na força de jogar em casa um trunfo a mais, para vencer os adversários, já que o Serra Dourada é considerado um estádio neutro em função da distância dos torcedores do campo de jogo, estabelecido a partir do final dos anos de 1990, com a proibição pela CBF, da presença do público nas gerais. As arquibancadas ficam com mais de 20 metros do campo de jogo e acima aproximadamente 10 metros. Como é um estádio para grande público, com capacidade atual para 49.042 torcedores, para a euforia dos torcedores contagiar os jogadores, só com o estádio lotado: caso contrário, o amplo vazio das galerias torna campo de jogo silencioso, por mais que arquibancadas e cadeiras estejam barulhentas. Assim há dificuldade para uma torcida motivar o time jogando naquele estádio.

Tanto Atlético, como o Goiás pretendem mandar seus jogos contra equipes de menor apelo popular nos seus campos e os grandes encontros com grandes marcas do futebol brasileiro, como Flamengo, Corinthians, Internacional, Palmeiras dentre outros, capazes de atrair mais de 30 mil espectadores, no Serra Dourada.

Quando foi questionado sobre a reforma necessária no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, Leonardo Rizzo afirmou que o clube não tem recursos financeiros para ampliar e modernizar seu estádio, sabidamente acanhado e desconfortável, e em seguida soltou uma pérola que sacode a estrutura de qualquer mente dotada de um pouquinho que seja de inteligência: “O ideal para o Vila Nova é procurar o governo de Goiás, propor uma parceria e assumir a gestão do Estádio Serra Dourada”.

Como diria o saudoso comediante Costinha, “aí é de cair o nariz da cara”. Todos envolvidos com o futebol em Goiás sabem que nos últimos 20 anos, por desleixo dos governantes que administraram o Estado, o Serra Dourada foi literalmente sucateado. Sanitários entupidos, cochos de urina com vazamentos, juntas de dilatação da cobertura sem rejunte propiciando a chuva que cai em cima, descer em cachoeira sobre o torcedor lá embaixo.

Tem ainda um serviço de som sem acústica alguma e um modesto placar eletrônico totalmente ultrapassado. Os vestiários também estão com problemas sérios nas suas estruturas. Salva o campo de jogo que resiste ao tempo e continua bom.

Reformar o Estádio Serra Dourada custa milhões e para quem não tem dinheiro para reformar e ampliar uma estrutura física como a do OBA, como imaginar peitar um gasto infinitamente maior para reformar um estádio público? A pérola soltada por Leonardo Rizzo merece outras reflexões por parte de quem pensa: já se sabe que quando os jogos retornarem, após o controle da pandemia, não será permitida a presença do público nos estádios. A medida vale para o restante dos meses de 2020 e, dependendo do andamento da chegada da vacina contra o coronavírus, pode ser estendida para 2021. A isto soma-se o fato de o Vila Nova estar na série C, onde não vai enfrentar nenhum grande clube do futebol brasileiro. Tendo muita eficiência, o Vila Nova só enfrenta os grandes times brasileiros em 2022. Esta grande eficiência teria de assegurar o acesso para a Série B, para 2021 e o acesso à Série A, para 2022.

Leonardo Rizzo é um dos grandes empresários do mercado imobiliário de Goiás. Fez fortuna atuando nesta área. Como, de uma cabeça experiente e vitoriosa no mundo dos negócios, sai uma pérola como esta? A diretoria do Vila Nova, sobretudo seu presidente, o major Hugo Jorge Bravo, que tem sofrido com a situação financeira do clube e com muito esforço tentado colocar as finanças vilanovenses pelo menos administráveis, precisa ficar atento. Se esta maluquice ganhar forma, o Vila Nova quebra de vez e, de clube dono da torcida mais apaixonada do estado, vai passar a ser apenas parte da história do futebol goiano. Que ideia maluca esta do Leonardo Rizzo!!!