Nesta terça-feira (15), a Polícia Federal divulgou uma nota explicativa a respeito da “Operação Sexto Mandamento”, com o intuito de prender, segundo eles, grupos de extermínio da Polícia Militar de Goiás (PMGO).

 

 

Veja a íntegra da nota oficial da PF, divulgada às 06h08 de hoje, abaixo. A Polícia Federal não divulgou os nomes dos presos e nem das autoridades citadas.

“A Polícia Federal em Goiás deflagrou, nesta manhã, 15/02, a OPERAÇÃO SEXTO MANDAMENTO para cumprir 19 (dezenove) mandados de prisão preventiva e 8 (oito) mandados de prisão temporária, bem como mandados de busca e apreensão. Foram compostas 18 Equipes com 131 Policiais Federais e 12 Oficiais da Polícia Militar de Goiás. O total de alvos são 19 (dezenove), sendo 13 em Goiânia/GO e 6 no interior do Estado, haja vista que alguns dos envolvidos possuem mais de um de mandado de prisão.

A investigação que durou aproximadamente 01 (um) ano teve por objetivo principal desarticular uma organização criminosa com alto poder de influência e de intimidação composta por Policiais Militares de Goiás, das mais diversas patentes.

Segundo as investigações, a organização criminosa tinha como principal atividade a prática habitual de homicídios com a simulação de que os crimes capitais foram praticados em confrontos com as vítimas. Dentre as vítimas, figuram casos de execução de crianças, adolescentes e mulheres, sem qualquer envolvimento com práticas criminosas. As investigações demonstraram ainda que outros homicídios foram praticados pela organização criminosa, inclusive durante o horário de serviço e com uso de viaturas da corporação, de maneira clandestina e sem qualquer motivação que legitimasse a ação policial dos investigados. A organização criminosa especializou-se ainda na ocultação de cadáveres.

Dentre os investigados, encontra-se o atual Sub-Comandante Geral da Polícia Militar de Goiás, o ex-Secretário de Segurança Pública e o ex-Secretário da Fazenda de Goiás, os dois últimos na condição de suspeitos pela prática de tráfico de influência que resultaram nas promoções de patentes de integrantes da organização criminosa.

Restou evidenciado na investigação que, nos últimos 10 (dez) anos, os integrantes da organização criminosa começaram a fortalecer a sua atuação nos municípios de Formosa, Rio Verde, Acreúna, Alvorada do Norte, bem como Goiânia. Assim, onde se instalavam em decorrência de remoções às diferentes unidades da PM/GO, o número de vítimas de homicídios em supostos confrontos com aquela Corporação aumentavam consideravelmente.

Além da prática de crimes de homicídio qualificado em atividades típicas de grupo de extermínio (art. 121, § 2º, incisos I a V, do CP, c/c art. 1º, inciso I da Lei nº 8.072/90), os integrantes serão indiciados pela prática de formação de quadrilha (art. 288, do CP), tortura qualificada (art. 1º, § 4º, da Lei 9.034/97), tráfico de influência (art. 332, do CP), falso testemunho (art. 342, do CP), prevaricação (art. 319, do CP), fraude processual (art. 347, do CP), ocultação de cadáver (art. 211, do CP), posse ilegal de arma de fogo de calibre restrito (art. 16, da Lei 10.826/03), bem como a ameaça (art. 147, do CP) a autoridades públicas, jornalistas e testemunhas.

Alguns dos investigados serão presos por força de diferentes mandados judiciais expedidos por comarcas distintas, as quais já processam parte da organização criminosa pela prática de crimes de homicídios específicos.

A Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública de Goiás iniciarão as buscas às pessoas desaparecidas após abordagens policiais e criou um canal de denúncia com o endereço [email protected], por meio do qual a população poderá encaminhar informações para auxiliar a atividade policial de busca, bem como outras informações sobre crimes não esclarecidos. As identidades dos denunciantes serão preservadas.

A operação contou com a participação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, do Ministério Público de Goiás, do Poder Judiciário de Goiás, da Secretaria de Segurança Pública de Goiás, bem como com os Comandos da Polícia Militar e da Polícia Civil de Goiás.

A operação foi denominada Sexto Mandamento em referência ao decálogo bíblico, cujo sexto mandamento é não matarás.

 


Às 09h40, a Rádio 730 entrevistou o ex-secretário da fazenda do Governo de Goiás, Jorcelino Braga. Ele apresentou-se à PF, pela manhã, atendendo à “intimação para prestar esclarecimentos”, disse. Questionado sobre promoções na PM, destacou que “não compete ao secretário da fazenda avaliar promoção de militares. Isso segue um ritual interno”.


Hoje as 9h50 a policia federal divulgou mais informaçãoes operação da PF:

A Polícia Federal em Goiás cumpriu 100% (cem por cento) dos mandados de prisões expedidos no âmbito da OPERAÇÃO SEXTO MANDAMENTO, sendo presos os seguintes policiais militares da PM/GO: Coronel CCM; Tenente-Coronel RRB; Major ARA; Capitães ARN e DCSJ; Tenente VJF; Subtenentes FAF e HCN; Sargento GMF e Cabos ET, CHC, ASSS e RRM.

Dentre os investigados, encontram-se o ex-Secretário de Segurança Pública E.R. e o ex-Secretário da Fazenda de Goiás J.B., ambos na condição de suspeitos pela prática de tráfico de influência que resultaram nas promoções de patentes de integrantes da organização criminosa. Esclarecendo que com relação aos mesmos não foram expedidos qualquer mandado judicial.