O Ministério Público de Goiás (MP-GO) abriu um canal para denúncias de desvio de vacinas contra a Covid-19. Em entrevista ao Sistema Sagres, o promotor Adriano Godoy Firmino esclareceu que o canal para denúncia é o geral do MP-GO e a comunicação sobre uma pessoa que “furou a fila” pode ser feita pelo MP Cidadão ou através do telefone 127.
O Disque Denúncia, acionado pelo 127, recebe ligações de qualquer lugar do Estado e direciona automaticamente para as promotorias de cada cidade. Além dele, há o MP Cidadão, um portal na internet. “O cidadão pode procurar, preencher os dados necessários para fazer o encaminhamento da sua notícia, da sua denúncia, em relação a qualquer fato e agora, especialmente, em relação a essa questão de furar a fila por conta da vacinação da Covid”, detalhou.
Adriano ainda explicou que ao “furar fila”, o cidadão pode sofrer penalidades pois o plano nacional de vacinação tem grupos prioritários. “Isso pode configurar crime, pode configurar ato de improbidade administrativa, pode configurar infração sanitária, de acordo com nosso código estadual”.
Em Goiás, algumas cidades do interior já têm alguns registros de casos de pessoas furando a fila que, segundo o promotor, estão sendo objetos de investigação. Em Goiânia, Adriano afirma não ter nenhuma informação sobre pessoas cometendo essa infração.
Vale ressaltar que a denúncia pode ser feita por qualquer pessoa e que o MP investigará buscando encontrar comprovações que mostrem que o cidadão de fato “furou a fila”. O promotor destaca que caso a denúncia seja acompanhada de algum documento ou prova o trabalho pode ser mais rápido. “Uma fotografia, uma gravação de vídeo ou de áudio, que indiquem elementos mais concretos dessa prática ilícita, isso facilita a apuração da conduta, da ilicitude”, encerrou.
Cultura brasileira?
Em entrevista ao Sagres em Tom Maior, o geógrafo Murilo Cardoso, classificou o desvio das vacinas para o “grupo de ricos” como uma explicação de como o povo brasileiro foi formado.
“É uma herança cultural nossa mesmo, essa de esperar do outro, tanto pro bem quanto pro mal. Essa ideia de culpar as pessoas, de culpar o governo, de culpar ou a esquerda ou a direita pelas falhas que nós temos tanto no âmbito social, quanto, até, às vezes, pessoal. Elas vêm mesmo do nosso processo histórico de construção como sociedade”.
Asssista a entrevista na íntegra a partir de 1:10:00