Em entrevista ao Sinal Aberto nesta quarta-feira (10/2), o presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, fez uma avaliação do governo de Ronaldo Caiado e cobrou respostas sobre o pagamento da suspensão da dívida com o Governo Federal. Ele ainda comparou a atual gestão estadual a dos últimos 30 anos e citou Iris Rezende. “O Iris sempre falou isso, que a gente deveria fazer o dever de casa. E a gente precisa saber se o governo fez”.

Para Daniel, a administração do Estado de Goiás teve oscilações e precisa cumprir promessas de campanha. “Foram erros e acertos. É um governo que busca superar desafios e erros cometidos pelos governos anteriores. Mas hoje, o governo não tem uma marca de eficiência. A gente não vê a presença do estado na vida do cidadão. A gente enxerga que o governo se sustenta por uma complacência da população, por um entendimento da população de que antes estava muito ruim. Há uma expectativa muito grande nesse terceiro ano para saber se o governo vai ser aquilo que foi prometido em campanha. Dos compromissos que foram assumidos não vemos a entrega que foi prometida”, afirmou.

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O presidente estadual da sigla ainda questionou o que o governo fez com os quase R$ 200 milhões mensais que deixou de gastar com a suspensão da dívida com o governo federal, apostando todas as fichas no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). “Fui um crítico dessa decisão. Até hoje, Goiás não conseguiu ingressar. (…) A pergunta que a gente tem ainda é: pra onde foi esse dinheiro? Mais de R$ 200 milhões por mês. Se esse recurso foi consumido, então, de fato, nós temos uma situação fiscal bastante preocupante, porque além de estar consumindo isso, daqui a pouco a gente volta a ter o problema que é a dívida”.

Ele ainda citou Iris Rezende. “O Iris sempre falou isso, que a gente deveria fazer o dever de casa. E a gente precisa saber se o governo fez isso. Falo em enxugar o estado, diminuir despesas, buscar eficiência maior e não ter gastos que não trazem retorno pro cidadão”, pontuou.

A DÍVIDA

A dívida consolidada do Estado (com bancos e com a União) é superior a R$ 21 bilhões, que mensalmente consome quase R$ 200 milhões do caixa do Tesouro. Por conta dessa despesa, o governador bateu às portas do STF em 2019 e conseguiu liminares para suspensão de seu pagamento.

No dia 1º de junho de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a prorrogação da suspensão do pagamento das dívidas do governo de Goiás a bancos até o dia 6 de outubro. No dia 21 do mês do vencimento, Goiás conseguiu mais uma prorrogação, que se estendeu até 31 de dezembro do ano passado. A terceira prorrogação foi concedida no dia 29 de dezembro pelo ministro Gilmar Mendes. Essa última decisão estendeu o prazo até o dia 30 de junho de 2021.

Entre junho de 2019 e dezembro último, o Tesouro estadual deixou de pagar R$ 3,3 bilhões dessa dívida.

ELEIÇÕES 2022

O MDB fez uma reunião com a executiva do partido na última segunda-feira para traçar os planos até 2022. Segundo Daniel, esse ano a intenção é buscar dialogar com a base do partido no interior e iniciar o trabalho da montagem da chapa de deputado estadual e federal. “Foi uma reunião para que a gente pudesse distribuir missões, compartilhar o trabalho efetivo do partido. Acreditamos que o cenário de 2022 será muito positivo para Goiás e para o Brasil”.

Daniel destacou que o momento do partido é de otimismo e união, compartilhando decisões. O presidente estadual do MDB citou o senador emedebista Luiz do Carmo, que manifestou apoio a Ronaldo Caiado em 2018.

Em entrevista à Rádio Sagres 730, no dia 4 de fevereiro, o senador emedebista Luiz do Carmo colocou nas mãos de Daniel o futuro dele no partido. “Eu vou perguntar pro Daniel se ele quer que eu continue no MDB e qual será meu futuro. Eu não quero sair do MDB de jeito nenhum”.

Em resposta à declaração, Daniel enalteceu o trabalho do senador, mas ressaltou que o cenário político é dinâmico. “As coisas mudam rapidamente. O partido está no momento de oposição, porque foi eleito pra ser oposição em 2018. É coerente exercer esse papel. As decisões de 2022 serão tomadas em 2022. É preciso fazer uma avaliação conjunta dessas decisões sobre quais seriam os melhores nomes e quais sairiam bem sucedidos no projeto eleitoral. É natural que ele tenha uma facilidade de se garantir como candidato ao senado. Nós conversamos e vamos encontrar um caminho onde a gente possa se fortalecer. E mais pra frente tomar uma decisão da possibilidade dele ser um candidato do MDB ao senado ou não. (…) Na política, as decisões acabam ocorrendo nos últimos minutos”.  

OPOSIÇÃO

Nas eleições de 2020, o MDB chegou a propor uma aliança com o governador de Ronaldo Caiado à chapa de Maguito Vilela, mas o governador acabou apoiando Vanderan Cardoso. Para Daniel Vilela, o cenário do ano passado era de discussão da continuidade do projeto que o MDB liderava com ex-prefeito Iris Rezende. Agora, as circunstâncias mudaram.

“Eu penso que o MDB precisa, até 2022, se posicionar como oposição. Oposição responsável, sem ataques, uma oposição inteligente de apontar erros, porque isso é que faz o governo se mexer. Se o governo não tem oposição, ele pode tomar decisões erradas e equivocadas. Partidos de oposição precisam tomar essas decisões para colaborar com o estado. Em 2022, o MDB e todos os outros partidos vão fazer uma análise em relação aos próximos quatro anos”, afirmou.

Daniel ressaltou que não há definição sobre o nome dele como pré-candidato ao governo do estado. Diferente do que Humberto Aidar disse na Coluna Sagres em OFF desta terça, “não existe uma forçação de barra”. “O que tem são líderes dentro do partido que defendem a nossa candidatura, que estiveram conosco em 2018, que acreditam que o melhor projeto para Goiás é uma candidatura liderada por nós. Essa discussão existe naturalmente dentro do partido. Eu não serei candidato se não for de uma forma natural, da vontade do partido”. Até 2022, segundo Daniel, o partido irá tomar a decisão sobre estar na oposição ou na base.