O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) lançou nesta quinta-feira (25) o documento “Perspectivas para uma Transição Energética Justa no Transporte Público Coletivo no Brasil”. Conforme explicou o especialista em mobilidade urbana do IEMA, Renato Boareto, o estudo apontou que é essencial realizar uma transição energética na mobilidade urbana do país por meio de políticas públicas.

Assista a entrevista na íntegra:

“Temos observado nas cidades brasileiras essa necessidade de fazer a transição energética, a substituição do óleo diesel dos ônibus por energia mais limpa. Isso é fundamental para a cidade porque melhora a qualidade do ar e ajuda nos compromissos brasileiros na redução das mudanças climáticas”, avaliou.

O documento traz em seu título o termo “transição energética justa”, que para o IEMA representa a “substituição de fonte de energia fóssil por renovável sem que o eventual aumento de custo recaia sobre os usuários”. 

Boareto reforçou que as medidas devem ser tomadas pelo poder público sem impactar quem utiliza os veículos coletivos. “Esse estudo procurou observar como o Estado, por meio das políticas públicas, pode implementar essa transição energética de forma justa”, disse. 

Recursos

Já existem carros elétricos que visam reduzir os efeitos da combustão dos veículos, mas Renato Boareto afirmou que a transição energética é necessária no sistema de mobilidade urbana como um todo. O especialista defendeu que o melhor não é favorecer o transporte individual, mas investir no transporte público que atende a maior parte da população. 

“Dada essa essencialidade, a gente defende que recursos públicos e subsídios sejam destinados ao transporte público. Para o transporte individual pode-se utilizar instrumentos de mercado, como o preço e o comando e controle. Então se estabelece um limite máximo de emissão ou estimula a circulação de veículo elétrico em detrimento de veículo movido a combustível fóssil. Se estabelece uma regra e fiscaliza isso”, analisou. 

O especialista do IEMA apontou que os Municípios têm o importante papel de desenhar suas redes de transporte, que os Governos Estaduais podem subsidiar o sistema de transporte e que a participação do Governo Federal pode ser coordenar uma política nacional em relação ao tema. 

Boareto destacou que o Brasil é um dos maiores fabricantes de ônibus do mundo e avaliou que o país pode perder mercado caso não adeque suas indústrias.

“Se não tiver uma política industrial que incentive a produção desses ônibus, o Brasil vai perder mercado. A China estabeleceu uma política nacional de estímulo à eletrificação de frota e eles têm uma indústria consolidada. O Brasil pode perder esse espaço se não tivermos uma coordenação de uma política federal estimulando a indústria brasileira”, pontuou.

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