27 de janeiro de 1996. Esta é uma data de que João José Felipe de 72 anos nunca esqueceu. Neste dia pela última vez viu a filha dele Simone Borges Felipe que na época tinha 25 anos. Ela foi aliciada para trabalhar na cidade de Bilbao na Espanha. Simone estava noiva e tinha o desejo de casar, por isto resolveu aceitar uma proposta para trabalhar no exterior por um período de três meses. A intenção era de juntar uma boa quantia de dinheiro para que o sonho fosse concretizado. A jovem foi enganada, levada a prostituição. Teve documentos e a liberdade retirada. Cafetinas a exploraram e ao tentar fugir com uma companheira foi até um orelhão telefonar para os pais aqui no Brasil. A tal companheira a acabou entregando para os líderes do bando. Simone foi morta e a dor ainda permanece na memória de João.

Este senhor relata a dor que ainda sente e descreve faz um alerta a outros pais. “Esse é o sofrimento maior que nenhum pai e mãe esquecem. Não esquece nunca, cada vez que a gente fala não esquece em um só momento. Inclusive tenho aqui um papel sujo eu pedindo que socorresse. Depois que a minha filha já estava morta, que as autoridades tomassem providência das outras meninas lá se não o caminho delas era o mesmo. Hoje eu falo, vai consciente do que vai fazer se vai a passeio, vai a passeio se for a fim de prostituição é sofrimento”, explicou.

Simone é uma das várias vítimas do tráfico de pessoas que ocorre em Goiás e no Brasil. João José Felipe foi uma figura que esteve presente numa audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Goiás para tratar do tráfico de pessoas. Membros da CPI da câmara dos deputados que está tratando sobre este tipo de tráfico vieram à Goiânia para colher informações que possam ser úteis aos trabalhos da comissão.

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) relata que são frágeis as politicas públicas de coibição ao tráfico. “Tem três grandes desafios que a sociedade brasileira enfrenta sobre o problema do tráfico de pessoas. Primeiro é uma mudança profunda na legislação brasileira. O segundo aspecto é aparelhar o estado melhor, um pouco mais de presença na sociedade no sentido de melhorar o enfrentamento e o terceiro aspecto é isso que nós estamos fazendo aqui que é divulgar para a sociedade tenha consciência de que esse problema existe e está muito mais próximo do que ela imagina”, declarou.

A secretária municipal de assuntos para mulheres, Tereza Souza, descreve que há uma morosidade das autoridades em resolver a questão do tráfico de pessoas, principalmente envolvendo mulheres. “Essa morosidade é porque é uma rede tão forte, quanto à rede do tráfico de drogas e de armas. Essa é a terceira economia desse sinistro cenário que se faz é exatamente o tráfico de seres humanos, e desse tráfico cerca de 70% são mulheres que são traficadas a fim de exploração sexual. Tem envolvimento de todos os níveis, policial, alta sociedade é um mercado que dá recursos”, ressaltou.

Goiás é o terceiro estado em movimentação do tráfico de mulheres, Goiânia é a principal porta de saída das mulheres para se prostituírem no exterior.

Com informações do Repórter Samuel Straioto.