A cidade é sacudida constantemente por operações realizadas por policiais e promotores. O fato merece aplausos e comedimento.

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Elogios porque as autoridades saem da inércia e, às vezes, extirpam partes do próprio corpo, prendendo ou expulsando integrantes de suas forças.

A prudência necessária é quanto à exposição dos acusados.

Um bom exemplo foi a Operação Curto-Circuito. No fim de abril, 50 policiais militares e 40 do Ministério Público prenderam seis empresários suspeitos de fraudar licitações em Goiás. Buscaram e apreenderam documentos em 15 endereços. E não deixaram vazar nome nem imagem de ninguém. É a atitude correta.

Nesta quarta-feira, novamente, houve prisão para todo lado e, até onde pôde, a Polícia Civil protegeu a identidade dos detidos.

São excelentes novidades. Só a maldade explica o ato de a polícia mostrar o rosto de quem ainda não foi sequer acusado formalmente. A desculpa oficial para violar os direitos do preso é que a população quer conhecer os criminosos. Essa sede de sangue sempre foi mais da imprensa, do Ministério Público e da polícia que da sociedade.

Depois que os dados e o rosto de alguém são exibidos, ele já está cumprindo a pena, a mais cruel das penas, a execração pública. Se, à frente, se revelar que ele nada tem a ver com o caso, será tarde demais. Ainda que seja culpado, não merece a agressão a sua imagem. É uma pena que passa da pessoa do condenado e atinge a família, os amigos, o trabalho, o futuro. Nunca mais o cidadão será o mesmo.

Um mau exemplo ocorreu em Anápolis no início de janeiro. Um moço foi preso e apresentado pela polícia como o que jogou bomba dentro do carro de um casal. Ele apareceu em centenas de programas de rádio e TV, blogs, sites, mídias sociais, jornais e revistas. Perdeu a namorada, o emprego e a paz. Tentaram espancá-lo. Suas irmãs foram admoestadas no meio da rua. Depois, surgiu o verdadeiro autor do crime.

A polícia e a imprensa têm o dever de investigar e combater os delitos. Mas não têm o direito de manchar a reputação de ninguém.