Santos e Flamengo iniciaram a disputa do Campeonato Brasileiro por mais título. A partida teve contornos históricos: o primeiro jogo oficial no estádio Mané Garrincha, o primeiro teste de grande porte na arena da Copa das Confederações e Mundial, a maior bilheteria da história do torneio e a despedida do melhor atacante do nosso país – Neymar assinou com o Barcelona.
Tive a honra e a alegria de conhecer o estádio Nacional de Brasília – Mané Garrincha. Antes de me deslocar para a capital do país, havia feito uma pesquisa história sobre o palco da partida. Este foi inaugurado em 1974 com o nome de “Governador Hélio Prates da Silveira”. Antes que pegasse o apelido “Silveirão” ou qualquer outra coisa do gênero, decidiram por homenagear o craque da Copa de 1962, Mané Garrincha, assim passou a ser chamado o principal estádio do Distrito Federal com 45 mil lugares.
Com a escolha de Brasília como sede da Copa das Confederações e do Mundial, houve a necessidade da construção de um novo estádio. Seguindo o traçado de Oscar Niemeyer, a arquitetura foi feita e as obras iniciadas em maio de 2010 com custo previsto de R$696 milhões. 34 meses depois e 19 aditivos no contrato, o novo Mané Garrincha foi entregue sendo a obra mais cara do torneio – R$ 1.015 bilhão e o temor de ser algo subutilizados após os jogos.
Neste domingo, foram avaliados 9 áreas de serviços pela FIFA e também pelo COL (Comitê Organizado Local), aproveitando de um público de mais de 63 mil torcedores:
LIMPEZA – Dentro do estádio estava impecável. A todo instante nas tribunas de imprensa haviam profissionais recolhendo qualquer lixo. Na arquibancada teve um bom serviço.
TRANSPORTE – A Fifa exigiu estacionamento, mas durante as disputas das competição em um raio de 3km do estádio ninguém passa com veículos, exceto os credenciados. Os torcedores andam muito na parte interna. A desinformação também reinou para atendimento a imprensa e torcida.
GRAMADO – De longe estava muito bonito. Mais próximo via-se muita poeira subindo e os jogadores reclamaram da irregularidade e da quantidade de areia. Na imprensa local até cogita-se a substituição da grama.
SERVIÇOS MÉDICOS – não tenho nada a relatar.
ATENDIMENTO AO TORCEDOR – Daria uma nota regular. Releva-se o fato de ser um teste e um exercício de capacitação dos profissionais. A demora de 2h na fila de entrada foi o ponto criticado. Os torcedores tinha que passar por uma entrada onde era registrado o ingresso e passava no raio x. A imprensa também era obrigada passar, mas como não tinha energia no área externa antes das 13h. Todos passavam livremente. Destacar os preços abusivos dos produtos alimentícios é chover no molhado. Além disso, poucas opções um pacote de batata frita custava 7 reais e um lata de refrigerante 5 reais. Vários “stewards” (pessoal responsável pela orientação dos torcedores) espalhados pelas arquibancadas. Talvez tenha sido o primeiro jogo da história do Campeonato Brasileiro com venda de ingressos com local marcado.
TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO – Achei legal a ideia de vários outdoors espalhados pelo plano piloto orientando o torcedor na chegada quanto aos melhores portões para chegar ao lugar marcado no bilhete. Sistema de som muito bom, de dar inveja a qualquer boate – quando ligado mal conseguia ouvir enquanto o outro berrava ao pé do seu ouvido. Boa sinalização interna.
SEGURANÇA – Quantidade incrível de seguranças. Muito educados, pelo menos aqueles que me deparei. Mas pouco informados para ajudar os torcedores dentro e fora do estádio. Eles estavam espalhados por todos os setores e ainda fizeram um cordão de isolamento na torcida organizada do Santos.
OPERAÇÃO DA IMPRENSA – Um pessoal bastante atencioso para orientar a imprensa do lado de dentro. As posições já estavam marcadas e havia espaço para TV, rádios, jornais e portais. A internet tinha qualidade impressionante.
TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS – Bastante atenciosos, fizeram bem o papel de recepção e orientação.
Os ajustes serão feitos para a abertura da Copa das Confederações, no próximo dia 15, na partida entre Brasil x Japão. Uma preocupação diante do alto custo de implantação é o uso deste espaço, o famoso elefante-branco. Durante todo o jogo, imagens anunciavam o show da Beyoncé em setembro e uma edição do UFC sem data anunciada. Muito pouco para um bilhão investido numa obra tão bonita.