Da geração X à Alfa, a percepção sobre saúde mental se transforma, mas a busca por equilíbrio e bem-estar permanece constante.
Enquanto as gerações mais antigas enfrentavam o estigma e a falta de informação, os jovens de hoje lidam com novos desafios como a ansiedade climática e a pressão das redes sociais. Especialistas alertam para a importância de priorizar a saúde mental em todas as etapas da vida
X, Y, Z e Alfa
De um modo geral, as gerações são enquadradas pela seguinte linha temporal:
- 1965 e 1980 – Geração X
- 1981 e 1996 – Geração Y (Millenials)
- 1997 a 2010 – Geração Z
- A partir de 2010 – Geração Alfa
Contudo, vale dizer que o recorte temporal pode variar ligeiramente, pois há diferentes defesas para cada período geracional, a depender do do pensador ou pensadora que teoriza a existência de gerações.
Preocupações
Para Marina Santana, integrante da geração X, o bem-estar da família, e o seu próprio, sempre foram os principais tópicos que vem em primeiro lugar na sua mente, o que a levou a imigrar para a Irlanda por uma vida melhor. Ela destaca que o termo saúde mental não era discutido quando era mais jovem.
“As pessoas não tinham noção, não paravam para pensar direito, questionar se algo não ia bem no trabalho, uma relação… as pessoas não tinham uma ideia muito crítica sobre os próprios acontecimentos do dia a dia, a menos que acontecesse algo que passasse muito dos limites.” defende.
Conforme uma pesquisa da Pew Research Center, a geração Y parece ser a que mais sofre com depressão. Essa descoberta pode enquadrar as pessoas dessa faixa etária como a geração Burnout. Vale dizer que Burnout é um transtorno que envolve esgotamento físico e mental com o trabalho, além disso, é preciso dizer que o estudo focou apenas nos Estados Unidos da América. Logo, a questão do emprego pode ser considerada como um dos pontos centrais de inquietação dessa geração.
Segundo Amanda Andrade, psicóloga que atende as gerações Z e Alfa, esses jovens são muito engajados com a temática, uma vez que elas nasceram em meio a uma era que se discute com um pouco mais de naturalidade essas questões, mesmo que ainda existam tabus geracionais. E as principais temáticas dessas duas faixas que surgem no consultório são: conflitos, problemas escolares, ansiedade, alienação parental, abusos psicológicos e/ou físicos entre outros.
Outro termo que está em evidência entre “GenZs” e Alfa, após desastres climáticos, intensificados pelo aquecimento global, é ansiedade climática. Também chamada de ecoansiedade, essa nomenclatura foi criada em 2017 pela Associação Norte Americana de Psicologia e diz respeito ao medo crônico de catástrofes ambientais.
Ainda não é prioridade
“Eu percebo uma mudança significativa, mas ainda não suficiente para que a saúde mental seja tratada como algo inegociável. Muitas pessoas continuam priorizando outras questões, como a saúde física, que também é importante, mas vejo que, em relação às gerações passadas, a conscientização sobre saúde mental tem aumentado bastante”, explica Amanda. Para ela, essa mudança vem muito devido à falta de socialização da Pandemia de Covid-19 e à Internet, que traz benefícios, mas também pode trazer desinformação.
A influência da tecnologia
Marina, diz que percebe como as redes sociais e as novas tecnologias proporcionaram muitos benefícios, principalmente para ela que mora no exterior e precisa se comunicar com a família no Brasil. Porém, em contrapartida, ela reconhece que a dinâmica das relações sociais mudou e acelerou com tudo com essas ferramentas.
Ainda segundo ela, uma parte do equilíbrio mental pode ficar abalado com as redes se não houver um discernimento do recorte da realidade que ela representa: “a nossa saúde mental pode ir para o ralo se a gente não tem controle e autoestima suficientes. A gente pode se sentir pressionado a gastar pra se inserir em um grupo, pressionado a mudar hábitos, um exemplo mesmo que dá pra citar é o tanto de adolescente mesmo fazendo procedimentos estéticos por influência de pessoas no Instagram.“
Um conceito para cada pessoa
Para Marina, saúde mental é a busca por um equilíbrio entre as suas prioridades pessoais, familiares e profissionais, sem deixar que nenhuma dessas áreas possa comprometer a outra. Amanda enxerga também que os jovens os quais atende, buscam esse mesmo equilíbrio de mente e corpo, pois já percebem que a vida não anda bem sem a aliança entre esses dois fatores.
Uma fórmula para ajudar a manter uma boa saúde, conforme ambas as entrevistadas, é algo como inerente ao ser humano: o autocuidado e uma rede de apoio. É preciso então que não exista hesitação em conversar com amigos, familiares ou pessoas de confiança, pois compartilhar sentimentos pode auxiliar no acolhimento e compreensão.
Sites e aplicativos como o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferecem suporte emocional e informações relevantes sobre saúde mental. Ligue 188.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).