A cidade está em obras e o fato é bom. Os governos federal, estadual e de Goiânia estão fazendo viadutos, equipamentos públicos necessários, mas incapazes de resolver problemas. Todos os canteiros provocam impacto ambiental, de trânsito e de vizinhança. A balbúrdia causa xingamentos, porque parte da população acha que se deve fazer obra de engenharia sem interferir na rotina. Se para reformar um banheiro em casa a bagunça é garantida, imagine com a mistura entre serviço público e empreiteira?

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Nos últimos dias, a Região Noroeste de Goiânia virou um furdunço, ressuscitando o que antes era o “alto da poeira”. Estão sendo construídos os viadutos no entroncamento das avenidas Anhanguera e Perimetral, na saída para Inhumas, e na Avenida Castelo Branco com Rodovia dos Romeiros, na saída para Trindade. São duas obras necessárias, urgentes e até atrasadas. O trânsito já estava péssimo, mesmo antes da interdição para se fazer viaduto. Os caminhos alternativos, realmente, atrasam a rotina dos moradores, porém, pior ainda seria sem os viadutos.

O problema maior não é o desassossego momentâneo, é a perspectiva do mal-estar permanente. Parodiando as placas fincadas pelos órgãos públicos, as obras ficarão prontas em poucos meses, mas os transtornos vão continuar. A própria Rodovia dos Romeiros já é insuficiente para a área quase inteiramente conurbada entre Goiânia e Trindade. Houve uma explosão demográfica, mas as ruas continuam com a mesma largura e a única via de escoamento é a Rodovia dos Romeiros.

O que vem por aí não será fácil. Imagina-se uma época atribulada com a mistura entre as obras dos viadutos e a Festa do Divino Pai Eterno, com expectativa de milhões de fiéis rumando para Trindade. É preciso compreender o fechamento de ruas, os desvios no tráfego. O que não dá para entender é o efeito dos viadutos. O trânsito na região vai continuar estrangulado. Como analisam técnicos no assunto, um viaduto é a melhor maneira de empurrar um engarrafamento para os quarteirões seguintes. No entanto, os viadutos não são a causa desordem, são o efeito. Faltou seriedade ao se liberar loteamento na região e sobrou suspeita de irregularidade. Já que os políticos falharam, vamos ver se o Divino Pai Eterno faz o milagre da redução da bagunça.