No programa Tom Maior desta segunda-feira (7) do Sistema Sagres, o foco esteve voltado à saúde da mulher — especialmente durante a gestação — e como a alimentação pode atuar como uma poderosa aliada na prevenção de doenças graves como a pré-eclâmpsia.
Para conversar sobre o tema, Plínio Cezar, médico nutrólogo e ortopedista, trouxe informações valiosas para o público feminino.
“A pré-eclâmpsia é uma condição séria que acomete gestantes a partir da vigésima semana, caracterizada por pressão arterial elevada — acima de 14 por 9 — associada à presença de proteína na urina”, explicou o especialista.
De acordo com ele, os sintomas podem ser silenciosos, mas alguns sinais como dores de cabeça intensas, visão embaralhada, inchaço e ganho de peso súbito devem acender o alerta.
Mortalidade
O médico também destacou que a pré-eclâmpsia está entre as principais causas de mortalidade materna e pode trazer riscos graves ao feto. Por isso, o diagnóstico precoce e o acompanhamento do pré-natal são fundamentais.
Um dos pontos centrais da conversa foi o papel da alimentação na prevenção da pré-eclâmpsia, com destaque para a ingestão de cálcio. “Estudos demonstram que a suplementação de cálcio pode reduzir em até 55% o risco de desenvolver a doença”, afirmou doutor Plínio, citando diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde que reforçam essa prática, especialmente em países como o Brasil, onde 96% das mulheres consomem menos cálcio do que o recomendado.
Sobre as fontes alimentares, ele destacou que o leite e seus derivados são as principais, mas não únicas opções. “Folhas verdes escuras, sementes como gergelim, grãos como o grão-de-bico, nozes e castanhas também são boas alternativas, especialmente para quem tem intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite”, orientou.
Estilo de vida
Além da alimentação, o estilo de vida como um todo influencia a saúde da gestante. “A prática regular de atividade física, desde que liberada pelo médico, ajuda a controlar o peso e a pressão arterial. E não podemos esquecer da importância do sono de qualidade — sete a oito horas por noite — como parte essencial dessa tríade da saúde: alimentação, atividade física e descanso”, completou.
O programa destacou ainda os principais fatores de risco para a pré-eclâmpsia: hipertensão prévia, diabetes, obesidade, primeira gravidez, idade materna fora da faixa de 18 a 35 anos e histórico familiar da doença.
Para finalizar, doutor Plínio deixou um recado às mulheres: “Conhecimento é prevenção. Ao entender os riscos e fazer escolhas saudáveis, a gestante se protege e também cuida do bem-estar do bebê”.
Alimentação
Além disso, Plínio destacou a importância da alimentação na saúde da mulher, mostrando como hábitos alimentares equilibrados podem contribuir na prevenção e no alívio de diversas condições clínicas femininas, como endometriose, TPM, menopausa e até fibromialgia.
“Além da pré-eclâmpsia, temos doenças como a endometriose, lipedema e a osteoporose que estão diretamente relacionadas à alimentação”, explicou o especialista. Ele ressaltou que, embora a osteoporose acometa homens e mulheres, o impacto no público feminino, especialmente após a menopausa, é mais significativo.
Um dos pontos centrais abordados foi o papel da alimentação no enfrentamento da endometriose. “É uma doença de cunho inflamatório, por isso, a dieta pode ser uma grande aliada. Tirar alimentos industrializados, ricos em açúcar e conservantes, e apostar em alimentos anti-inflamatórios faz toda a diferença”, afirmou Dr. Plínio.
Segundo o médico, a chamada “dieta anti-inflamatória” tem sim seus méritos, embora o termo seja, muitas vezes, mal interpretado. “Não é que vai combater toda a inflamação do corpo, mas pode colaborar, especialmente se a pessoa estiver com sobrepeso. A gordura acumulada também é um tecido inflamatório”, explicou. Alimentos ricos em antioxidantes e ingredientes como cúrcuma (açafrão) estão entre os mais indicados.
Dúvidas
O programa também abriu espaço para perguntas do público, trazendo dúvidas comuns sobre alimentação durante o ciclo menstrual. Dr. Plínio confirmou que a dieta pode ajudar bastante nesse período. “Ômega 3, vitaminas do complexo B, magnésio, vitamina E e cálcio são fundamentais para amenizar sintomas como cólicas, inchaço e alterações de humor”, explicou.
Sobre o consumo de chocolate durante a TPM, o médico foi direto: “Não vamos ser radicais. Um docinho pode ajudar no bem-estar emocional. O problema está no excesso, não em um pedaço de chocolate. Se possível, buscar versões mais saudáveis, como receitas com whey ou frutas, também é uma boa alternativa.”
A atividade física também foi destacada como pilar fundamental da saúde da mulher em todas as fases da vida. “Mesmo durante o ciclo menstrual, é importante manter o movimento. A prática regular de exercícios ajuda no controle de sintomas da TPM, menopausa e é essencial no tratamento de doenças como a osteoporose e a fibromialgia”, disse.
Suplementação
Finalizando, Dr. Plínio falou sobre a popularização dos suplementos e alertou para o consumo consciente. “A suplementação precisa ser individualizada. Nem todo mundo precisa de polivitamínicos. O ideal é fazer exames, buscar orientação médica e avaliar o que realmente é necessário”, explicou.
Além disso, completou: “Para quem já tem uma alimentação equilibrada, muitas vezes o suplemento não se faz necessário.” Alimentação, movimento e acompanhamento profissional caminham juntos na busca por mais qualidade de vida.
“Se a mulher puder contar com o apoio de nutricionistas e profissionais de educação física, o impacto será ainda mais positivo”, concluiu o médico.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar