Uso estético de hormônios pode causar dependência e até morte súbita, alertam especialistas

No programa Tom Maior, transmitido nesta semana, a discussão girou em torno do uso indiscriminado de hormônios, especialmente a testosterona e seus derivados, para fins estéticos. Para esclarecer os riscos e orientar o público sobre práticas mais saudáveis, o endocrinologista Marlon Rossi e o profissional de educação física Cleverton Fontes participaram de um bate-papo.

Dr. Marlon iniciou a entrevista com um alerta direto sobre o uso de esteroides anabolizantes. “Eles são hormônios derivados da testosterona e têm sido cada vez mais utilizados com a promessa de resultados rápidos em performance e estética. Mas isso não deveria acontecer, porque não existe uso seguro de anabolizantes fora das indicações médicas”, afirmou.

O médico explicou que, embora existam diversas formas de administração – como testosterona em gel, injetável, chips hormonais e comprimidos –, nenhuma dessas alternativas está isenta de riscos. “A testosterona só deve ser usada quando há uma deficiência real. Seja por orientação leiga ou até mesmo médica, se não houver necessidade clínica, esse uso está errado”, completou.

Segundo ele, um dos maiores perigos está no fato de que muitos acreditam que, ao fazer exames e monitorar efeitos, seria possível minimizar os riscos. “Isso é um mito. Não há dose segura. A gente não consegue prever como o corpo vai reagir. O sangue fica mais espesso, o risco de trombose aumenta, o coração pode crescer de forma anormal. Isso pode levar à morte súbita”, ressaltou.

Cleverton, com mais de duas décadas de atuação nas academias, complementou o alerta ao descrever o perfil psicológico de muitos adeptos do uso de anabolizantes. “Vejo jovens tentando entrar em um padrão que não é natural. Muitos se sentem excluídos socialmente e veem no corpo forte uma forma de aceitação. Outros fazem isso para tentar salvar relacionamentos, achando que melhorar o desempenho sexual vai resolver tudo”, contou.

Ele também criticou a influência de alguns profissionais da área da atividade física que extrapolam suas atribuições. “Tem professor que receita hormônio, invade a área da nutrição e da medicina. Falta fiscalização e falta conscientização”, pontuou.

O programa destacou ainda os efeitos colaterais visíveis e invisíveis do uso de hormônios. Em mulheres, os riscos vão desde o aumento de pelos e acne até alterações irreversíveis na voz e crescimento do clitóris. Em homens, além de infertilidade e aumento da próstata, há sérios impactos no sistema cardiovascular e hepático.

“O coração também é um músculo. Quando a pessoa hipertrofia com o uso de esteroides, ela pode estar também espessando a parede do coração, o que reduz a sua capacidade de bombeamento. Em um esforço maior, o coração pode falhar. E falha cardíaca, infarto, embolia pulmonar — são todas possibilidades reais”, alertou Dr. Marlon.

Sobre como conquistar um corpo saudável sem recorrer a atalhos perigosos, Cleverton enfatizou a importância da construção de hábitos sustentáveis. “Você não precisa treinar sete vezes por semana. Isso só causa exaustão mental. Comece devagar, vá duas ou três vezes, crie constância. O corpo vai responder”, aconselhou.

Dr. Marlon finalizou com orientações médicas importantes: “A pessoa precisa procurar bons profissionais — médicos, nutricionistas, educadores físicos. E entender que emagrecimento e ganho de massa magra não são processos imediatos. Exigem paciência, mudanças reais de hábitos e cuidado com a saúde como prioridade”.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

Leia mais:

Mais Lidas:

Sagres Online
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.