Um novo relatório da ONU sobre a seca alerta para os impactos devastadores que o fenômeno já está causando em diversas regiões do mundo. De acordo com o estudo Drought Hotspots Around the World, divulgado na quarta-feira (2), as mudanças climáticas e a pressão crescente sobre os recursos hídricos resultaram nos períodos de seca mais longos e destrutivos já registrados desde 2023.

O levantamento, produzido pelo Centro Nacional de Mitigação da Seca dos Estados Unidos (NDMC) em parceria com a Convenção da ONU de Combate à Desertificação (UNCCD), destaca como o aquecimento global e a má gestão ambiental estão tornando a seca parte de uma nova realidade global.

O relatório da ONU aponta que áreas como África Oriental e Meridional, Mediterrâneo, Sudeste Asiático e América Latina enfrentaram os efeitos mais severos da seca recente. Só na África Meridional, cerca de 68 milhões de pessoas precisaram de ajuda alimentar em 2024, enquanto na Somália mais de 43 mil mortes foram atribuídas à fome relacionada à estiagem em 2022.

No Mediterrâneo, a seca provocou perdas agrícolas e elevou preços: a safra de azeitonas da Espanha caiu 50% em 2023, impactando o valor do azeite de oliva. No Marrocos, o rebanho de ovelhas diminuiu 38% entre 2016 e 2025. A Turquia sofre com a intensificação do uso de aquíferos subterrâneos, levando ao surgimento de mais de 1.600 dolinas e ameaçando comunidades inteiras.

Seca no Brasil: Amazônia vive crise hídrica histórica

No Brasil, a seca extrema na Amazônia entre 2023 e 2024 é classificada no relatório como uma das mais graves já registradas. Os níveis dos rios atingiram marcas mínimas históricas, resultando na morte de peixes, mais de 200 golfinhos ameaçados de extinção, e no colapso do abastecimento de água potável em diversas comunidades ribeirinhas.

O Rio Amazonas, principal via de transporte e fornecimento hídrico da região, registrou o nível mais baixo de sua história em algumas áreas. Além disso, o documento chama atenção para a seca no Canal do Panamá, que impactou o comércio global ao reduzir o tráfego de embarcações e atrasar exportações de alimentos.

Para Ibrahim Thiaw, secretário-executivo da UNCCD, a seca é uma catástrofe global em câmera lenta. Segundo ele, o fenômeno exige cooperação internacional urgente, já que os efeitos combinados sobre energia, alimentos e água ameaçam a estabilidade das sociedades.

Mark Svoboda, diretor do NDMC, reforça: “Este não foi um período seco comum. É a pior crise hídrica global que já testemunhamos. O relatório da ONU sobre a seca deixa claro que é preciso monitorar e agir para proteger vidas humanas, meios de subsistência e os ecossistemas dos quais todos dependemos.”

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima.

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