A cidade está com suas vias tomadas o tempo inteiro e o fato é que isso já cansou. Não se trata dos manifestantes, que nas últimas semanas ocuparam o espaço público. Em Goiânia, os donos de ruas, praças e calçadas são os camelôs, os vigiadores, os lavadores de carro e os vendedores de alimentos e de toda sorte de bugigangas vindas da Ásia via Paraguai. O poder público os trata como coitadinhos, mas eles precisam de políticas públicas, não da dó alheia.

Um resumo do entrave se concentra no Setor Norte Ferroviário, nas imediações da estação rodoviária, cujo prédio o governo de Goiás deu para uma empreiteira. São as cercanias da Feira Hippie, que os gestores deveriam aproveitar como prova do empreendedorismo dos goianos. A Feira Hippie é uma incubadora de empresas, mas a incompetência e o populismo dos governantes a transformaram numa encrenca. Por omissão estatal, diversas lojas fecharam e seus proprietários compraram banca na feira ou na calçada da Rua 44.

O Estado e a Prefeitura de Goiânia deveriam agir com rapidez, pois é possível fazer do abacaxi uma solução. A pessoa que consegue ganhar dinheiro com mercadorias em cima da calçada é capaz de sobreviver no comércio formalizado. O algoz do lojista é a carga tributária. Quem se estabelece é obrigado a pagar trocentos impostos, aluguel, segurança particular, acertos trabalhistas. O informal só tem que correr do rapa da prefeitura. O coitado do lojista não tem para onde correr, porque a mão longa do Estado o alcança onde ele estiver, pega o dinheiro dentro do seu bolso e leva para construir obras inúteis, empregar aspones e patrocinar shows bregas.

A novidade é que os comerciantes informais e os legalizados também estão nas manifestações reivindicando seus direitos. A classe política assiste e não age. Resolveria a questão se desonerasse a folha de pagamento, reduzisse a lista de impostos e investisse em qualificação. Até porque o problema não são as banquinhas na calçada, mas a incompetência do governo em não aproveitar o potencial de empreendedorismo dos camelôs.