A cidade sofre com o alto índice de homicídios e o fato é que não há grande perspectiva de mudança. A morte do pedreiro Tcharley Roberto da Silva, de 22 anos, é a de número 578 em 2013, superando o total de assassinatos do ano passado. O maior combustível para a violência é o tráfico de drogas e a certeza da impunidade. O desafio para romper com o paradigma é entender que determinadas pessoas cometem crimes e que muitas vezes não vão parar de cometê-los.

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Não seria justo colocar todo o peso das mortes nas costas da greve dos policiais civis, mas também seria uma inverdade fingir que não existe uma relação. É o problema imediato da segurança no estado. A falta de investigação para prender quem já cometeu o assassinato garante ao criminoso uma sensação de liberdade que o impele a ser mais e mais violento. No entanto, existe muito mais por trás de tantas mortes do que apenas a paralisação dos policiais.

O aumento do número de homicídios não é uma exclusividade goiana. Todos os estados sofrem com a ascensão da violência, principalmente por conta do tráfico de drogas. E esse é um problema que começa na fronteira e se alastra pelo interior do país. O Exército e a Polícia Federal estão sucateados. Faltam recursos para as operações e, aliado a tudo isso, o Brasil conta com uma enorme fronteira terrestre com países responsáveis por produzir grande parte da droga que é consumida em todo mundo. É um desafio hercúleo para quem insiste em não desenvolver a musculatura necessária. Sem recursos, a defesa do país é uma peneira que insiste em se voltar contra o sol.

Prender os assassinos e traficantes é uma parte do trabalho, mas garantir que o crime organizado não coordene a carnificina de dentro dos presídios é uma parcela importante da solução. Todos os dias nos jornais, nos rádios e na televisão pipocam reportagem mostrando com que facilidade os grandes traficantes mantém os negócios a pleno vapor do lado de fora dos presídios. O problema é velho, é conhecido, mas assustadoramente não se encontra uma solução.

E não basta assegurar que o condenado não continue a cometer crimes dentro dos presídios. Os congressistas também precisam fazer um esforço concentrado para reformar as Leis brasileiras. O nosso Código Penal simplesmente não está atualizado com a realidade do país. Vivemos praticamente em uma guerra civil, onde todos os anos cerca de 50 mil pessoas são vitimas da violência do Oiapoque ao Chuí. O medo tomou conta da sociedade e hoje a única alternativa para quem é um cidadão de bem é praticamente fugir do convívio social nos condomínios fechados e carros blindados.

Não se trata apenas de atirar os criminosos em um poço. Sim, é preciso garantir que eles passem por um processo de ressocialização dentro das unidades prisionais. Principalmente, autorizar apenas aqueles que têm real interesse em se adaptar ao convívio com o restante da população o direito de progredir de regime. E até mesmo aqueles que apresentem indícios de melhora, precisam ser acompanhados em tempo real por meio de tornozeleiras eletrônicas. A vida humana não tem preço e todos os esforços devem ser feitos para conserva-la. Impedir que quem atente contra a vida humana possa voltar a cometer um assassinato deve ser a prioridade.