Dentro de campo, o atraso foi explícito ainda na Copa do Mundo, na humilhante derrota por 7 a 1 diante da Alemanha. Fora de campo, a celeuma já vem de longa data e ainda não conseguiram achar um caminho para a melhoria do futebol brasileiro. Em tempos de discussão e de tentar encontrar a saída, surgem várias propostas de solução, e o técnico do Atlético, Hélio dos Anjos, tem uma bem definida: o fim da Federações de Futebol.
O treinador defende a linha, assim como muitas outras pessoas no país, de que os campeonatos deveriam ser organizados e geridos por uma Liga que defenda o interesse dos clubes, e não pela CBF, no caso do campeonato nacional, ou das Federações, no caso da competição estadual. O treinador, que já tem 43 anos de carreira no mundo do futebol, 29 deles como técnico, destaca que Ligas independentes poderia organizar a bagunça atual.
“Pra mim, não podia existir mais Federação de Futebol. Seria só a CBF cuidando das Seleções, feminina, masculina, todas as Seleções, e as Ligas cuidando dos campeonatos. Seriam quatro divisões e quatro Ligas independentes cuidando dos campeonatos, e assim seria mais tranquilo, o futebol brasileiro estaria mais capacitado para essa nova organização que todo mundo fala. Enquanto estiver desse jeito que está, nós vamos ter problema”
Nesta segunda-feira, os clubes da Série A e da Série B estarão representados na CBF para um reunião que terá como tema principal a Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê o refinanciamento, pelos próximos 25 anos, das dívidas que os clubes tem com o INSS, Imposto de Renda, FGTS, Timemania e Banco Central. A grande maioria dos clubes participantes de Série A e Série B enfrentam problemas de ordem financeira, incluindo o Atlético, Vila e Goiás, representantes goianos.
Na última semana, o caso que mais chamou atenção foi do Botafogo, que representado pelo presidente Maurício Assumpção revelou em reunião com a presidente Dilma Rouseff que poderia abandonar o Brasileiro Série A pela impossibilidade de gerir o clube. No clássico contra o Flamengo, os jogadores botafoguenses entraram com uma faixa demonstrando os atrasos salariais. Hélio dos Anjos reconhece o momento de caos e diz que as equipes menores sofrem até mais.
“O reflexo passa a ser maior porque aí começam a questionar comportamento da equipe em função de salário em dia ou de salário não em dia. Pagar em dia, em qualquer setor, não é virtude, é obrigação. A gente entende o momento do futebol brasileiro, que é dificílimo, o processo não é só do Atlético. O processo chega no São Paulo, chega no último campeão da Libertadores, vai no Botafogo também. Essa três equipes estão entre as 12 privilegiadas do Brasileiro, porque as outras oito, seja o que Deus quiser”